segunda-feira, 21 de novembro de 2011

O amor como reencontro de duas subjectividades

Há na vida e ao redor da nossa pacata mundividência coisas que são em si já um sustentáculo do nosso caminhar – na verdade, uma vida, uma história; há expressões que pelo nome que levam, já nos são milenares; carregam consigo septernas civilizações e contornos de idades que se foram e se vão, desvãos de histórias e historietas em que algumas como estas com tamanho de um punhado cerrado de vergonha que até hoje nos sustentam e ainda com seus delicados contornos sabem com maior naturalidade e satisfação transportados até nós, segredarem-nos dos obstáculos que a evolução não lhe poupou de represálias e concatenações. Evolução, não somente da espécie mas também dos temos que fazem connosco uma historia e conferem ao homem não uma natureza já existente, pré-determinada como nos dizia Hegel no seu Idealismo Absoluto, mas uma oportunidade única e irrepetível, única e inefável – uma verdadeira epifania de possibilidades que a vida nos da para que cada amanhecer do Sol nos possamos tornar novas pessoas e buscar dentro de nós, a imortalidade que se nos apresenta como a penetração profunda e incansável para dentro das nossas esferas que se diga com maior modéstia – geológicas.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Espelhando o dia do Estudante

Comemora-se hoje, mais um dia do estudante em Moçambique e pelo mundo inteiro, e sendo eu, um deles, ou seja, espelho do estudante no meu país, me vejo numa posição privilegiada para falar daquilo que é o dia-a-dia dessa classe aparentemente considerada, na chamada pérola do Índico (Moçambique). Digo “aparentemente considerada”, pelo simples facto de ser uma classe frequentemente enaltecida nos discursos ou mesmo nos programas do governo, mas que na realidade nada por ela é feita no sentido de se melhorar a sua condição, quer do ponto de vista das infra-estruturas, quer do ponto de vista da qualidade do seu ensino e também, não menos importante, do seu enquadramento após a sua formação.
Contudo, a classe estudantil não parece preocupada com o actual cenário, visto que nada faz para reverter a situação sendo que, os representantes dos estudantes (as associações e núcleos estudantis) claramente apadrinhadas por grupos de interesse, quer no governo, quer na academia, estão acomodados com as suas posições, pois deles tiram proveitos próprios, relegando para o segundo plano os anseios dos estudantes no geral.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Por favor, afaste-se de mim

O Grupo Escolar, diz que tu és um líquido incolor, volátil, com odor característico, obtido através da fermentação de uma solução que contenha açúcar. Dizem eles ainda, que és uma droga psicotrópica, lícita, que satisfaz temporariamente uma necessidade de euforia, proporcionando um alívio temporário de tensões psicológicas ou físicas e que tens sido usado desde o início da civilização humana, constando na história de variados povos que por este planeta passaram.
Mas não é sobre tua definição, muito menos da tua história, que eu quero falar. Quero sim, debruçar-me sobre o perigo que tu constituis, para mim e para humanidade no geral. Conheci-te, vão lá sete anos, quando pela primeira vez, senti teu sabor amargo, que no entanto, em pouco tempo tornou-se agradável, particularmente pela tua capacidade de satisfazer as necessidades de quem quer que seja, para qual for o desejo, até para comportamentos comparados aos de animais como macaco, leão e porco, sendo que cada comportamento equivale a um determinado estágio, que por sua vez, é ditado por quanto tu és consumido.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Pottermore

A saga do feiticeiro Harry Potter, escrita pela britânica J.K Rowling, que compreende sete volumes, é sem dúvida um dos maiores êxitos editoriais do nosso tempo: 450 milhões de exemplares vendidos, traduzidos em 67 línguas, milhões de euros ganhos e consequente colocação da autora na posição de mulher mais rica na história da literatura.
Iniciada em 1997 com a publicação de Harry Potter e a Pedra Filosofal, a série foi concluída em 2007. Porém, o anunciado fim da série não acabou com o universo do feiticeiro. Recentemente, talvez para responder às solicitações dos leitores, e continuar a alimentar o imaginário dos muitos admiradores, a autora anunciou no Youtube a criação do sítio Pottermore, no qual os leitores participarão em “uma experiência online”, podendo dialogar com fãs de todo o mundo, conhecer         detalhes nunca antes revelados sobre a série e contribuir para a construção da história, cada um a seu modo. No vídeo, a autora agradece aos fãs, e adianta que neste sítio o “mais importante será” o leitor.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Educação – para as desigualdades e hierarquias de classes ou para a libertação do homem?!...

O objectivo da educação não é produzir meros estudiosos, técnicos e caçadores de empregos, mas sim homens e mulheres íntegros, livres de medo; porque só entre seres humanos assim é que pode existir paz duradoura (Krishnamurti)
É incontestável para os nossos dias que as questões éticas do nosso tempo constituem um desafio para qualquer Universidade empenhada numa missão Pedagógica que engloba mais do que o desenvolvimento e a divulgação do conhecimento empírico e das técnicas[1], a promoção e o resgate do ideal humano dentro das matrizes traçadas para o alcance das suas metas, não com tons fáuvicos do tipo Matisse do Outono de 1905 e nem muito ainda, com o orgulho das Luzes, mas com uma nova concepção da modernidade, menos orgulhosa a esta, capaz de resistir à diversidade absoluta das culturas e dos indivíduos. Senão repararmos a fundamentalidade de factores ou aspectos desta natureza que se nos aparecem como infinidades de coisas pequenas e minúsculas, entraremos em tempestades ainda mais violentas do que as que acompanharam a queda dos Antigos Regimes, da concentração e extermínio de Auscchwitz, das invasões russas de Berlim, Budapeste, Praga, Polónia, das guerras do Vietname e do Golfo Pérsico, dos coetâneos ataques do 11 de Setembro e das actuais crises no Norte da África senão algumas; por isso, o importante papel da Universidade no incentivo à problematização ética "não para anunciar um conjunto de doutrinas destinadas à sociedade, mas sim para assegurar que estudantes e o pessoal académico chamem sempre a nossa atenção para os problemas importantes da humanidade – e para que dêem continuidade à busca de alternativas".
Sendo assim, o campo cultural e social no qual vivemos, desde o final do século XIX, na abordagem de Touraine (1992:p.122) não possui unidade: não constitui uma nova etapa da modernidade, mas a sua decomposição. Talvez nenhuma civilização tivesse sentido tanto a necessidade de um princípio central, já que nenhuma grande religião exerce uma influência dominante sobre esta cultura secularizada, onde a separação entre as Igrejas e o Estado é o princípio essencial. Talvez ainda devamos acreditar que pelo desencantamento do mundo, as pirâmides da Educação tenham-se igualmente demolidas e ficado sem mais poder para erigir toda uma desconstrução levada pelo tempo.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Maputo terá uma livraria de língua francesa

A cidade de Maputo, contará nos próximos tempos com uma livraria de língua francesa, a ser situada no Centro Cultural Franco – Moçambicano (CCFM), e chamar-se-á de Livraria de língua francesa MINERVA. O projecto de abertura de uma livraria de língua francesa em Maputo, nasce de uma parceria entre o CCFM e a MINERVA, a mais antiga livraria de Moçambique, criada em 1908 e uma das mais antigas de África, que poderá transmitir sua experiência e seu profundo conhecimento do mercado nacional do livro no país, sedo que, por sua vez, o CCFM, vai contribuir com o seu dinamismo e sua capacidade em atrair numerosos visitantes quer francófonos, quer amantes da actividade cultural.

Adelino Timóteo, lança “Dos frutos do Amor e Desamores até à Partida”

O escritor e jornalista moçambicano Adelino Timóteo, efectuou na passada terça-feira, no Instituto Camões, em Maputo, o lançamento da sua obra intitulada “Dos frutos do Amor e Desamores até à Partida”. Sob chancela da Alcance editores, o livro é constituído por dois momentos principais: o primeiro, caracterizado por versos eróticos, com a celebração da mulher como o centro do universo e o segundo momento os Desamores e à Partida, onde o amor torna-se o centro do universo, com enfoque particular para a nudez que faz os homens iguais.    
Esta obra, será também lançada no próximo dia 24 do mês em curso na Beira, cidade natal de Adelino Timóteo.  

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Anunciada primeira selecção do Prémio Goncourt

Foi anunciada no dia 6 de Setembro a primeira selecção dos concorrentes ao Prémio Goncourt 2011, o mais importante dos prémios literários franceses. A lista é composta pelos romances Rom@, de Stéphane Audeguy, Liminov, de Emmanuel Carrère, Retour à Killybegs, de Sorj Chalandon, Dans un avion pour Caraca, de Charles Dantzig, Les Souvenirs, de David Foenkinos, L’Art français de la guerre, de Alexis Jenni, Jayne Mansfield 1967, de Simon Libérati, Un sujet français, de Ali Magoudi, Du Domaine des Murmures, de Carole Martinez, Des vies d'oiseaux, de Véronique Ovaldé, Le Système Victoria, de Eric Reinhardt, Monsieur le Commandant, de Romain Slocombe, Tout, tout de suite, de Morgan Sportès, La belle amour humaine, de Lyonel Trouillot e Rien ne s’oppose à la nuit, de Delphine de Vigan. As editoras Gallimard e Grasset têm mais livros na selecção, com quatro e três respectivamente. Oito outras editoras estão representadas, cada uma com um livro.
O júri, constituido por 10 membros, se reunirá nos dias 4 e 25 de Outubro no restaurante Drouant em Paris para anunciar a segunda e depois a terceira e última selecção. O vencedor será conhecido em Novembro.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

“Amor em chama” Capítulo II

Passavam três dias que Suzy não colocava os pés a escola e isso estava a agoniar Tony. Não sabia ao certo porque ela não se fazia as aulas – seria porque não queria vê-lo? Estaria ela indignada com a sua atitude daquele dia? Estaria ela doente? Teria ela perdido vontade de estudar? - Não, pensar nesse tipo de coisas era terrível para ele; magoava-lhe e o deixava cheio de culpa por ter sido muito petulante, egoísta e descortês no dia em que estiveram juntos. Não é daquela maneira que a devia ter tratado – pensava ele. Aquela mulher era tão especial e, em tão pouco tempo, tinha conseguido se tornar o seu tudo: o seu sol, a sua lua, o ar que respirava, a sua estrela cadente, o seu mundo. Apetecia-lhe vê-la, olhar novamente para aqueles olhos lindamente grandes e hipnotizadores, tocar aquele corpo divinamente esculpido e fatalmente atraente, beijar novamente aqueles lábios docilmente carnudos e estupendamente deliciosos; apetecia-lhe ouvir novamente aquela voz angélica que se soltava sempre harmónica e maravilhosamente suave, que, às vezes, no negro do seu quarto e em aventuras sonambólicas, ouvia-a gritar seu nome. Apetecia-lhe encontra-la e dizer tudo o que ainda não lhe tinha dito; mas como faria isso, se ela sumira, evaporara sem deixar rastos?
Era tarde e o sol brillhava preguiçosamente entre as copas dos coqueiros que se alinhavam educadamente na miragem poente, dando um ar paradisíaco a cidade. Tony Estava no mesmo lugar onde Suzy o deixara no dia em que estiveram juntos. Algo lhe dizia que aquele era o lugar predilecto dela, pois tinha algo parecido com ela: o brilho do azul do mar era semelhante ao brilho dos olhos dela, o verde amarelo das acácias baladando ao ritmo dos ventos semblava-se ao colorido dos cabelos dela, sempre soltos e polidamente penteados; a miudez dos mangais marginais reflectiam à beldade do seu aspecto físico, retumbantemente juvenil e apetitoso.
Sentou-se nostálgico e completamente desesperado sobre o mesmo banco, que dias antes os acolhera, a ele e a Suzy. Lembrou-se do aterro dos pombos, do casal beijoqueiro, do perfume abundante e invasor de Suzy, do beijo roubado, da fuga desesperada dela, lembrou-se melancolicamente de tudo. Onde estaria Suzy?- pensou ele, enquanto lançava um olhar desinteressado às paredes longínquas das ruínas da marinha. Por lá viam-se casais aos namoriscos um pouco por todos os cantos, como era comum àquelas horas da tarde. As andorinhas abundavam graciosamente o céu vago, as borboletas divertiam-se beijando compulsivamente as flores dos mangais e, sobre as ondas distantes do mar, barcos à vela entrecruzavam-se, ansiosos de alcançar a terra firme, antes que a escuridão engolisse os escassos raios de sol, que ainda teimavam desafiá-la. mas algo depois o atraiu à atenção: Um pouco afastado dos casais, uma sombra feminina se erguia, solitária e aparentemente distante de si e de tudo em volta. O seu olhar não se despregava do mar. Era como se dele tentasse buscar respostas para perguntas difíceis.
-- Santo Deus, só pode ser ela! Não acredito! Suzy!
Tony saiu desesperadamente às correrias atrás dela, que nem se quer conseguia sentir os pés tropeçando entre os arbustos. Queria atirar-se aos braços dela, confessar que sofria pelo sumisso dela, enchê-la de beijos e dizer-lhe o quanto a amava!
Aproximou-se dela camaleando pelas costas e tapou-lhe o rosto para que ela o pudesse adivinhar. A suavidade daquelas mãos e o aroma daquele perfume envolvente eram inconfundíveis. Suzy sorriu.
-- Tony!. Sei que és tu!- disse ela dilatando o sorriso.
-- Como advinhaste que era eu quem te tapava os olhos? - Perguntou ele com admiração.
-- Ainda me lembro do teu perfume. O que fazes por aqui?
-- Ando a tua procura Suzy. Estou preocupado contigo. Desde o dia que nos vimos que não vais a escola. Cheguei a pensar que fazias isso por minha causa e por causa do que aconteceu naquele dia.
- E como sabias que eu estava aqui.
-- Não sabia! Mas o desespero, a saudade e a vontade de te ver arrastaram até aqui. Este lugar é muito parecido contigo e algo me dizia que te havia de encontrar aqui.—e olhando-a intensamente nos olhos, acrescentou:-- Não penso noutra coisa a não ser em ti Suzy. É muito mais forte do que eu, percebes!
Suzy suspirou e, engolindo uma gota de saliva em seco, começou a chorar aos soluços.
-- Tens que me esquecer Tony— disse ela aos soluços— eu não posso ficar contigo, não estou em altura de ser o que tu queres que eu seja para ti. Sinto muito Tony, sinto muito.
-- escuta, Suzy, eu...
-- Escuta tu, Tony.— Interrompeu-lhe ela, limpando o rio de lágrimas que banhava o seu rosto— Não é pelo simples facto de seres meu professor que eu não me quero relacionar contigo. Isso é um problema, com certeza, mas não muito difícil de resolver. Mas para além disso estou numa situação muito complicada e não te quero envolver nela. É a coisa mais importante da minha vida e não quero brincar com ela porque não me quero arrepender depois. Por isso te peço, pelo amor de Deus, que me esqueças.
-- Não vou conseguir, Suzy. Prefiro que me envolvas nela.
Suzy fechou os olhos e suspirou. Tony era tão insistente quanto sedutor e essas duas qualidades deixavam-na intrigada. Envolver-se com Tony era um perigo que ela não queria correr, pois sabia muito bem o preço que teria que pagar depois. Por isso, tinha que lhe contar a verdade.
-- Sou casada, Tony.
E era verdade. Suzy conhecera Samuel, um engenheiro de construção civil, numa festa de aniversário de sua amiga e com ele se casara, fazia já dois anos. Na altura, acabava de terminar uma relação que a tinha deixado apavorada e tremendamente decepcionada. Tinha surpreendido seu namorado na cama com uma das suas melhores amigas. Manuel fora um analgésico para a ferida que aquela situação criara dentro do seu coração. Não o amava, mas era um óptimo companheiro e amigo. Suzy aprendera a gostar dele, apesar de ser um marido ausente devido ao seu trabalho. Samuel era um tipo muito conversador e sabia fazê-la rir com facilidade. era diferente de muitos homens que ela conhecera na sua vida. Dava-lhe uma especial atenção e tratava-a como uma rainha. Nunca lhe deixava faltar absolutamente nada. E quando ausente, por obrigações de trabalho, telefonava sempre que pudesse e ficava horas falando-lhe dos seus projectos e da sua rotina e isso agradava Suzy. Embora carente, porque passava muito tempo sozinha, Suzy sentia-se feliz com a escolha que tinha feito, até conhecer Tony, que reavivou as lembranças do seu ex.Tony tinha muita coisa em comum com Zé Manel, seu ex-namorado, e isso a aterrorizava. Tony era demasiadamente jovem, bonito e sedutor. Era daqueles homens que toda mulher deseja ter; aliás, na escola, ouvira muitas das suas colegas admirarem-no e fazendo projectos de o seduzir. Por isso, tinha que o afugentar para bem longe de si, se quisesse se proteger e salvaguardar a sua personalidade e o seu casamento. Não queria passar de novo pela experiência que tivera com Zé Manel e comprometer o seu casamento, que naquele momento era a coisa mais importante da sua vida.

AEFUM lança 7ª edição do projecto férias desenvolvendo o distrito

A Associação dos Estudantes Finalistas Universitários de Moçambique (AEFUM), efectuou na passada segunda-feira, na faculdade de Medicina da Universidade Eduardo Mondlane, em Maputo, o lançamento da 7ª edição do projecto férias desenvolvendo o distrito, com a realização de uma palestra, subordinada ao tema “Desafios e Perspectivas de Emprego para os jovens em Moçambique”, que teve como orador, o chefe do gabinete de análise de estudos de emprego em Moçambique, do Instituto Nacional de Emprego e Formação profissional (INEFP), João Gabriel.
A cerimónia contou com a presença de diversos convidados, com destaque para estudantes finalistas e graduados, assim como representantes de algumas associações. 
AEFUM é uma associação criada em 2005 e legalizada em 2007, com representações provinciais e no seu projecto férias desenvolvendo o distrito, participaram desde a primeira edição, 1134 estudantes finalistas, enviados para vários distritos do país, e no próximo ano, espera enviar cerca de 500 estudantes.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

“Amor em Chama” - Capítulo I

Logo que terminou o hino, Tony dirigiu-se à sala dos professores e estatelou-se bastante aéreo no sofá. Mal se presenciara na formatura para o canto do hino nacional e quase que não escutara as orientações do director. A sua mente estivera possessa de imaginações que aquele encontro casual e acidental com Suzy proporcionara. A imagem dela estava a embebedá-lo e o esteve o hino todo. 
Desenrolou o xaile do seu pescoço e desabotoou um degrau da sua camisa. Levantou-se e começou a passear de um lado ao outro da sala e voltou a sentar-se para não chamar a atenção dos demais professores que já começavam a encher aquele lugar. Tomou um livro e abriu-o. 
Os contornos das letras fizeram-no embarcar nas curvas perfeitas da Suzy, no seu olhar sereno e feminino de catorzinha mimada, nos seus lábios entreabertos, roçados por um batom rosa mexendo-se suavemente quando falasse. Fechou-o com precipitação e continuou a percorrer o corpo dela com os pensamentos: as ondulações das suas ancas, perfeitamente desenhadas pela saia do seu uniforme, a frondosidade das suas coxas, claras e atraentes como as outras partes do seu corpo, fizeram-no estremecer de arrepios.
Um desabrochar de gargalhadas fê-lo voltar. Os seus colegas euforizavam-se, sei lá de quê! Consultou o seu relógio e saiu a passos largos, desejando a todos uma boa jornada de trabalho. Percorreu o corredor que dá acesso à secretaria e viu Suzy saindo duma das portas, levando consigo uns papéis em suas mãos.
-- Suzy— gritou ele. 
O coração da Suzy disparou e uma nuvem de pânico envolveu-a. 
-- Por mais estranho que pareça— prosseguiu ele— estive a pensar em ti. 
A voz de Tony estava calma, afinada, forte e intensa. Suzy, não sabia o que fazer e começou a mordiscar as unhas com os dentes.
-- É sério Suzy— prosseguiu ele. 
-- E o que e que estiveste a pensar stor— inquiriu ela sem encará-lo. -- Que podíamos sair para conversar. 
-- Não posso. 
-- Prometo que não te vais arrepender. 
-- É proibido sair com professores, suponho que o senhor saiba disso. 
-- Eu sei, mas não te é proibido fazer amigos e eu só quero ser um deles. 
-- Desculpa stor, não posso. Esta cidade é muito pequena e alguém nos há-de ver. O que quer que pensem de mim? 
-- Ninguém vai pensar nada além do que estivermos a fazer: a conversar. 
-- Stor, não seja inconveniente e não mo obrigue a ser também; por favor entende. 
-- Bom, se preferes assim, tudo bem! Mas te peço que penses com carinho! As palavras de Tony fizeram-na corar, porque no fundo ela queria sair com ele, mas a ideia de estarem os dois a sós é que a atormentava. 
-- Está bem! — Disse ela depois de uma prolongado silêncio deliberativo— encontre-me as 15 na Marginal. 
E virando-lhe as costas evaporou pelo corredor. Tony continuou estático a observá-la. Suzy era tão linda, que Tony se questionava como uma mulher podia ser tão genuína, tão perfeita e tão atraente como aquela que a via desaparecer. Certamente os seus pais tinham-na feito com tempo, numa jornada de amor em chama em que cada carícia ia moldando as feições daquele corpo que o estava a tirar do sério. 
Foi aí que reparou que ela não era alta, devia medir por por aí 1,65 m, tinha cabelos compridos, lisos e naquele dia tinha-os soltos. Os seus olhos eram grandes, salientes e cheios de luz e eram de medida certa para a sua face negra e linda. O seu nariz, comprido e bem ajustado a sua face, dava-lhe um ar semita invulgar. A sua boca era de uma natureza rara, que sugeria saber dizer coisas agradáveis e importantes, coisas que qualquer um poderia gostar de ouvir e lembrar; o seu pescoço, cercado por um colar simples de prata, ajustava-se perfeitamente aos seus ombros bem decotados pela camisa de uniforme metida colegial e educadamente na ajustada saia de uniforme, que deixava visível todas as suas feições aguitarradas:. Suzy era um encanto, e os que a viam, juravam ser a encarnação das musas dos mitos gregos.

Pottermore

A saga do feiticeiro Harry Potter, escrita pela britânica J.K Rowling, que compreende sete volumes, é sem dúvida um dos maiores êxitos editoriais do nosso tempo: 450 milhões de exemplares vendidos, traduzidos em 67 línguas, milhões de euros ganhos e consequente colocação da autora na posição de mulher mais rica na história da literatura.
Iniciada em 1997 com a publicação de Harry Potter e a Pedra Filosofal, a série foi concluída em 2007. Porém, o anunciado fim da série não acabou com o universo do feiticeiro. Recentemente, talvez para responder às solicitações dos leitores, e continuar a alimentar o imaginário dos muitos admiradores, a autora anunciou no Youtube a criação do sítio Pottermore, no qual os leitores participarão em “uma experiência online”, podendo dialogar com fãs de todo o mundo, conhecer        detalhes nunca antes revelados sobre a série e contribuir para a construção da história, cada um a seu modo.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Escritor mais bem pago do mundo

O escritor norte-americano James Patterson, é o mais bem pago do mundo. Segundo a revista americana Forbes, Patterson arrecadou 84 milhões de dólares entre Maio de 2010 e Abril de 2011, com a publicação de 10 obras. No topo da lista estão também os nomes de Danielle Steel, que arrecadou 35 milhões de dólares e Stephen King, com 28 milhões de dólares. Pelo segundo ano consecutivo a liderar a lista, James Patterson é um autor prolífico: tem até ao momento mais de 80 livros publicados. Desde 2009 as vendas aumentaram.
O autor colabora com alguns escritores (que desenvolvem partes das histórias), o que lhe facilita manter a regularidade nas publicações. Além disso, os contratos com editores impelem-no a um ritmo de trabalho invulgar. Neste momento Patterson tem um acordo com a Hachette, para a publicação de 17 livros, num negócio de há dois anos e que envolve, segundo a revista Forbes, 150 milhões de dólares. O autor já disse que a estimativa não estava concluída.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Dia da decisão! Será?

No passado dia 26 de Setembro, a cidade de Maputo foi palco de um culto denominado “Dia da Decisão (Dia D), promovido pela Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), simultaneamente nos Estádios Nacional de Zimpeto e da Machava e no campo do Costa de Sol, que segundo o site Universo da Fé, aproximadamente 500 mil pessoas puderam se libertar de males espirituais, assim como se curarem de certas enfermidade, foi o caso de um garoto que responde pelo nome de Daniel Osvaldo, curado de um caroço no pescoço, após a oração e de Eugénio Sebastião, que de acordo com o site, chegou ao local se apoiando em uma muleta, tendo recebido a cura após exercitar a fé.
Foi de facto uma cerimónia de grande dimensão, tendo de certa forma parado a cidade por um instante, caracterizada por fala de transporte para destinos que não fossem os locais do culto do “Dia D”.
Mas será que o Homem precisa de um Dia D para se encontrar com Deus e poder dar rumo a sua vida, viver feliz e ter sucesso?
A minha resposta para esta questão é NÃO e será sempre NÃO. Segundo a bíblia sagrada, o homem foi criado a imagem e semelhança de Deus e sendo assim, a pessoa de Deus está no coração de cada Homem, cabendo a cada um descobrir essa força dentro de si. E a única guia para encontrar Deus, é a sagrada escritura que contém tudo sobre o caminho da verdade e da vida.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Amor, por onde andas!

Já vão lá aproximadamente três anos, após ter visto pela última vez, teu piscar de olhos, depois de cerca de um ano numa relação colorida de amizade, mas, que se confundia com os tempos em que namorávamos.
Depois que tu partiste sem me dizer adeus, para um destino que até então o desconheço, a minha alma foi tomada por um vazio tão doloroso quanto uma solidão eterna, que dia pós dia vai me consumindo por dentro, me deixando sem forças suficientes, para poder abrir uma nova página amorosa na minha vida.
Pés embora, os últimos momentos da nossa relação, tenham sido caracterizados por uma amizade colorida, como eu disse, depois que decidimos “dar um tempo”, como se diz por aí, por razões que francamente hoje as desconheço, porém, sinto que aquilo me fazia muito feliz, e me tornava um homem sem melancolias, também consigo perceber por que é que se diz que um “grande amor”, tem sempre um dia triste, no entanto, cegamente não nos demos conta disso, optando pelo tal “dar um tempo”.
Eh amorzinho, como carinhosamente te chamava, e por que sempre serás meu amorzinho, sinta-te amorzinho, onde quer que estejas. Se algum dia tiveres te lembrado de mim, agradeço do fundo de meu agastado coração, e se não, também não faz mal, pois a culpa não é  tua, talvez de quem incluiu fracassos no amor.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Salvos para matar

Nos últimos anos, o País tem sido assolado por uma onda de pesca nociva, que vem ameaçando a vida da população marinha. A razão principal desta chacina marinha, prende-se ao facto de as comunidades vítimas de malária, beneficiarem dum gesto socialmente humanitário do governo no âmbito da sua campanha de distribuição de redes mosquiteiras. Esse grupo alvo, por uma questão de luta pela sobrevivência no mar, usa as mesmas redes para a pesca que é considerada nociva.
A par disso, a malária continua sendo o principal desafio para a saúde pública e para o desenvolvimento sustentável em Moçambique. Com base nos dados dos últimos cinco anos do sistema de vigilância epidemiológica – BES (Boletim Epidemiológico Semanal), a malária conta com uma média de 5,8 milhões de casos diagnosticados clinicamente por ano, sendo a principal razão de consulta externa (44%) e de internamento no serviço de pediatria (57%).
Exemplos para ilustrar a devastação da população marinha não faltam:
A pesca nociva no distrito de Memba, na província de Nampula, com recurso a rede mosquiteira, que contribui sobremaneira na destruição das algas e outras espécies marinhas. Os pescadores desta região, para além da rede mosquiteira, usam igualmente técnicas pouco produtivas como é o caso das gaiolas, linhas de mão e cercos.
O Arquipélago das Quirimbas em Cabo Delgado, é uma cadeia de 28 ilhas, que se estendem ao longo de quase 400 km, desde o norte da Cidade de Pemba no sul, à Cidade de Palma no norte. As espécies endémicas protegidas são várias marinhas e terrestres. As maiores ameaças ao Parque são a caça furtiva, a pesca ilegal (com redes mosquiteiras e redes de arrasto feitas de sacos de ráfia e/ou de malha fina).
Na província de Sofala, frequentemente tem se acompanhado a apreensão, de um número considerado de canoas e redes de pesca, usados por pescadores artesanais pelas razões decorrentes do uso de práticas nocivas a população marinha.
A Ilha de Chiloane, posto administrativo do mesmo nome, no distrito de Machanga, sul da província de Sofala, vive basicamente da actividade pesqueira, e se depara nesses últimos tempos com uma fraca produção, devido ao uso incisivo da rede mosquiteira na pesca.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

19 anos depois: que dizer sobre a Paz em Moçambique!

Tal como muitos países africanos, Moçambique após a sua independência mergulhou-se numa guerra civil, que durou 16 anos, entre o governo da FRELIMO e o maior partido da oposição então grupo de guerrilha, a RENAMO. Foram 16 anos de conflito armado que custaram muitas vidas de moçambicanos, entre os envolvidos na guerra e populares.
Depois de um longo processo de negociação entre as partes, com acompanhamento e apoio de diversas organizações e países, com destaque para a Comunidade de Santo Egídio e do Ocidente, no dia quatro de Outubro de 1992, há assinatura dos acordos de PAZ, na capital italiana – Roma, colocando término a uma década e meia de sofrimento do povo moçambicano.
Com o fim do conflito, registam-se mudanças na estrutura política, económica e social do país, a começar pela realização das primeiras eleições gerais multipartidárias em 1994, já que a nova constituição aprovada em 1990, defendia o sistema pluripartidário. Abria-se desta forma um espaço de grandes desafios para Moçambique como um todo, não apenas para o governo que era dirigido pela FRELIMO, que saíra vitoriosa nas eleições de 1994. Dentre os desafios, encontravam-se a manutenção da já instalada PAZ, não só pela ausência de disparos de armas, mas também pela satisfação das necessidades do povo, pela garantia de melhor prestação de serviços como de saúde, educação, transportes entre outros.
Politicamente, parecia que havia se instituído um bipartidarismo em Moçambique, onde apenas os dois grupos saídos da guerra (FRELIMO e RENAMO), partilhavam o poder, restando para as outras formações políticas, a função de animar a arena política nacional.
Passados hoje 19 anos após a assinatura dos acordos de PAZ, económica e socialmente, o país revela grandes mudanças rumo ao crescimento, pelo menos se comparado com o seu passado de há 10, 12, 14 anos atrás.

domingo, 2 de outubro de 2011

Carta à Deus pai todo-poderoso

…pai, não sei mesmo por onde começar, entretanto, a única coisa que tenho certeza é que muitas são as inquietações que por dentro me afligem. Diferentemente, dos meus encontros diários consigo, em que geralmente lhe peço perdão pelos meus erros, força e protecção para mim e para minha família, desta vez decidi fazer algo talvez “anormal”, lhe reportar um pouco daquilo que estou a viver aqui na terra e por que não, pedir algumas explicações acerca “desta vida”. Estou ciente das consequências que isto pode me causar, pois, a sagrada bíblia diz que não podemos duvidar de Deus, nem questionar seus feitos, mas porque eu acho que esta pequena carta, não é sinónima de dúvida para com a sua pessoa, então vou lhe pedir algumas explicações sobre a nossa vida neste planeta denominado “terra”.
Passam hoje dois mil anos e alguma coisa, após o senhor ter enviado seu filho Jesus Cristo, com a missão de vir nos salvar. Missão comprida ou não, a verdade é que segundo a bíblia, ele sofreu e morreu por nós. A partida dele aos céus, por um lado criou muita dor e sofrimento, mas por outro, deixou um grande legado para os homens - os ensinamentos sobre o caminho da verdade e da vida, que de acordo com a sagrada escritura, nos levariam a salvação eterna.
Contudo, passado algum tempo e até ao presente momento, assistiu-se a construção de uma humanidade perigosa, imbuída de egoísmo e de muita futilidade. Uma humanidade de seres com prazer de criar sofrimento a outrem.
Se a bíblia defende que o homem foi criado a imagem e semelhança de Deus, e que todos os homens são iguais, porque é que há diferentes raças nos humanos? Porque alguns se acham de mais importantes que outros? Até porque, determinadas cores de pele são associadas ao sofrimento, a pobreza, a fraqueza, ao desconhecimento, enfim, a toda indignidade e obscenidade que a ninguém merecem.
Como é que um humano como eu, de carne e osso, alma e espírito, vai me impor sua forma de vida, dizendo que é o protótipo a seguir?

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Vovó Maria respira de alívio: o filho voltou, mas doente

Passavam-se 25 anos, que a vovó Maria, como é carinhosamente tratada no seu bairro, não via um dos seus filhos, que saíra aos 25 anos de idade, migrando para a terra do rand (África do Sul), a procura de melhores condições de vida. Com 25 anos, o filho partiu, com promessa de voltar logo que conseguisse algum dinheiro pelo trabalho que ia fazer na África do Sul, para ajudar a mãe e projectar sua própria vida. Anos e anos passaram, o filho não dava notícias, muito menos visitava a casa e o país que o viram nascer. Em cada dia e noite, que o tempo ia consumindo, vovó Maria, perdia esperança de voltar a ver o filho, desapontada e desesperada chegou a excluí-lo dos que pelo seu útero passaram…”aquele já não é mais meu filho… que fique lá mesmo na África do Sul…”, assim desabafava, a vovó Maria.
O que mais lhe doía, era saber que o filho estava vivo e são, pois recebia informações de outros filhos seus também trabalhando na África do Sul, mas que a visitavam, sempre que pudessem.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Emmy Xyx, lança sua primeira obra literária intitulada “Espelho”

A escritora moçambicana Manuela Xavier, pseudónimo “Emmy Xyx”, fez na passada terça-feira, no estúdio auditório da Rádio Moçambique (RM), o lançamento da sua primeira obra literária intitulada “Espelho”, depois de muito tempo a publicar artigos nos jornais Zambeze e Embondeiro. Sob chancela da editora Fundac (Fundo de Desenvolvimento Artístico e Cultural), a obra contou ainda com o apoio da Associação dos Escritores Moçambicanos (AEMO) e da RM, que esteve representada pela respectiva directora Julieta Mussanhane, que afirmou que o lançamento do livro encere-se na responsabilidade social da instituição. 
Na sua intervenção Emmy Xyx, disse ironicamente que “Espelho”, era um livro escrito de braços amputados e com esferográficas emprestadas e doadas, como forma de mostrar seu agradecimento a todos que a apoiaram, nomeadamente os patrocinadores que tornaram possível seu trabalho, familiares e amigos pela força e acompanhamento.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Go the f*** to sleep.

Tornou-se rapidamente um fenómeno, em parte graças à circulação de cópias piratas na internet, e semanas antes do seu lançamento chegava ao topo dos livros mais vendidos da Amazon, uma das maiores livrarias online do mundo. Escrito pelo americano Adam Mansbach e ilustrado por Ricardo Cortés, tem uma versão narrada por Samuel L. Jackson, disponível no Youtube, também esta de grande sucesso, tendo inclusive feito concorrência ao áudio livro do último livro da série Harry Potter. Reconhecendo os sacrifícios dos pais para adormecer as crianças, o livro é descrito como “profano, afectuoso e radicalmente honesto”, no sítio da Amazon.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Hegemonia Partidária da FRELIMO


Hegemonia partidária é segundo Mainwaring[1], citando Sartori, um sistema em que o partido oficial sempre ganha as eleições importantes, embora os partidos de oposição possam vencer em alguns contextos locais, e eleger membros para as assembleias estaduais e nacional. Não se permite aos partidos da oposição competirem em pé de igualdade no mesmo nível, e se eles vencem “demasiado” apesar do desnível dos jogos, a repressão e a intimidação podem ser usadas como represália.
Na mesma linha de pensamento, Ronning, citado por Forquilha[2], afirma que hegemonia partidária significa um sistema em que apesar de haver eleições mais ou menos competitivas, o partido no poder domina e os partidos da oposição tendem a enfraquecer de eleições em eleições e o partido no poder frequentemente comporta-se com um certo grau de auto-suficiência e arrogância, o que contribui para a apatia dos eleitores e abstenção.
Em Moçambique, à semelhança do que aconteceu noutros países africanos, após a independência adoptou-se o monopartidarismo, o que teria criado tensões interna e externamente, forçando o partido no poder a uma transição política para a democracia, com aprovação da constituição de 1990, que defendia entre outros direitos, o multipartidarismo, o que veio a concretizar-se com a realização das primeiras eleições gerais e multipartidárias em 1994. Assim sendo, estava aberto um campo político de liberdades políticas e porque que não, para alternância de poder em Moçambique.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

"O seminarista"

O narrador deste livro, também protagonista da trama, é “conhecido como Especialista”, por ser um matador implacável. Recebe ordens do Despachante e executa os serviços com eficácia: “sempre dou um tiro na cabeça”, diz. Coragem para matar é o que nunca lhe faltou. Revela-nos, aliás, que “para um matador profissional a pior coisa do mundo é ter uma consciência”; Claro que há sempre disposição a mais para matar um pedófilo, um assassino, um necrófilo, e uma certa autocensura para matar mulheres, crianças e bichos; Não se interessa em saber quem é o “freguês” (nome a que chama as suas vítimas) e, por essa razão, o Especialista não lê jornais. Agradam-lhe a leitura, os filmes em DVD e as mulheres. Ex-seminarista, guarda dessa experiência a paixão por citações em latim.
Nos capítulos iniciais, o Especialista conta-nos como actuou nos últimos casos, com as minúcias das operações;
Depois de acumular uma boa quantia de dinheiro e “cansado de fazer os serviços”, o Especialista decide abandonar a profissão, muda o nome, passando a chamar-se José Joaquim Kibir (em homenagem à sua ascendência, que começa na batalha de Alcácer-Quibir), desfaz-se da Glock (arma) e rende-se à monogamia quando se apaixona por Kristen, que partilha com ele o gosto pela literatura.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

X jogos africanos de Maputo

Ao aproximarmo-nos da maior festa desportiva de África, que terá lugar na capital moçambicana, de 03 a 18 de Setembro do corrente ano, os preparativos são evidentes por quase todos os cantos e em alguns serviços como de ordem e segurança, limpeza das avenidas da cidade entre outros. Mas como não devia faltar, a cultura de deixar tudo para mais tarde, também se revela neste momento, seja por parte do Comité Organizador dos Jogos Africanos (COJA), como por parte das autoridades do governo moçambicano.
À sensivelmente uma semana e meia para a realização dos jogos, há muito ainda por se efectivar, com vista a realização com sucesso dos X Jogos. Alguns campos desportivos ainda não estão prontos, a estrada nacional número (N1), que dá acesso a vila Olímpica em Zimpeto, encontra-se em obras, pés embora, sua reabilitação não tinha em vista a realização destes jogos, no entanto, os prazos para a sua entrega lá já se foram, o que de certa forma poderá ter implicações negativas, na medida em que, esta via em melhores condições, poderia facilitar o trânsito e a movimentação das comitivas participantes e de singulares, e porque não, dar uma boa imagem da cidade aos visitantes.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Recuperar a Arca de Pessoa


Um sítio na internet e uma petição foram criados para pressionar a Secretaria de Estado da Cultura de Portugal a reaver a arca que conteve durante décadas uma grande quantidade de escritos de Fernando Pessoa, entre poesia, prosa e ensaios. O objectivo é encontrar a arca e colocá-la em exposição pública “para que todos a possam admirar”. Ao que se diz, Pessoa levou-a nas várias mudanças de apartamento que fez nos anos 30 do século passado. “Como um símbolo, mesmo vazia, a arca representa toda a sua vida, porque a sua vida foi dedicada completamente à escrita, à sua Obra”, lê-se no sítio.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Para que servem as Universidades?


Quando era estudante no ensino secundário, enchia-me de expectativas positivas a respeito da universidade em Maputo, acreditando encontrar, depois de admitido, um espaço consagrado por excelência para expandir a inteligência, aprender a aprender, discutir, opinar livremente, etc. Tudo isso foi logo desmentido pela realidade.
Desde que entrei para a universidade e à medida que os tempos correm, desiludo-me continuamente. A petulância de alguns professores, os métodos de ensino inadequados, a escassez de meios e as intoleráveis condições para o estudo, a falta de perspectivas, tudo isso transforma o nosso futuro numa grande incerteza, pior do que seria de outro modo. A universidade era, no meu imaginário, uma coisa completamente diferente daquilo que encontrei. Tinha uma compreensão ilusória que resultava de ideias que me iam inculcando os que tinham tido experiências no ensino superior e do que via nos filmes ou lia nos livros. Foi um choque enorme ter descoberto, alguns meses depois de entrar, que a universidade, pelo menos como a imaginava, era uma esperança irrealizável. Ao fim de oito meses contava a um amigo os primeiros episódios frustrantes.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Em busca pelos restos mortais de Cervantes


Um grupo de investigadores iniciará a busca pelos ossos do autor de “Dom Quixote”, num mosteiro de Madrid, onde seus restos mortais foram depositados em 1616, não sendo conhecido o local exacto. Os preparativos iniciaram há 18 meses quando Luís Avilar comentou com o historiador Fernando Prado uma ideia sugerida por um amigo, noticia o “ELPAÍS”. A ideia apaixonou Prado e transformou-se num plano concreto de resgate. Os dois procuraram referências importantes sobre Cervantes e o mosteiro, construído em 1609 e reconstruído 1673. A operação, que recorrerá a sondagens no subsolo e paredes através de infravermelhos, terá a duração de três semanas       e conta com o aval da Real Academia Espanhola       e o beneplácito do Arcebispo de Madrid. A descoberta e posterior análise dos ossos permitirá revelar as causas da morte de Cervantes, que se acredita que tenha sido de cirrose, quando o autor tinha 69 anos.
Os especialistas afirmam que não será difícil identificar os restos do escritor, devido a lesões sofridas       no braço esquerdo durante a batalha de Lepanto, em 1571, que deixaram sinais em seus ossos.

sábado, 13 de agosto de 2011

De onde emana hoje, a ameaça à paz?


De entre as várias causas, a mais lógica é sem dúvida a menos óbvia, a razão disso é que ela é interna. Se não vejamos:
Emana da incapacidade de auto-governação, auto-administração e acima de tudo da falta de união dos Estados caracterizados por uma forte capacidade económica, que deriva dos recursos preciosos, que possuem, como é o caso de petróleo, à essa incapacidade alia-se uma distribuição desigual dos recursos, enraizada num regime monárquico. Esse quadro caracteriza quase todos os países do Médio Oriente e alguns da África mais especificamente da região de Magreb, sem deixar de fora a Angola.
A ameaça à paz, emana também da vulnerabilidade e da cultura de esmola dos Estados caracterizados por uma economia dependente do orçamento externo, caso da maior parte dos países africanos, incluído o nosso.
É esse quadro, que vai permitir a interferência das potências estrangeiras, caracterizadas por uma grande sede de explorar e dominar. E o mais agravante é que as instituições internacionais se mostram ineficazes ou carentes de legitimidade universal, ao tentar lidar com questões como “interferências ou invasões injustificadas”
Esse facto é sublinhado por (Hobsbawm 2007), quando diz que o papel dos organismos internacionais existentes, sobretudo da Organização das Nações Unidas (ONU), tem de ser repensada. Embora esteja sempre presente e normalmente se recorra a ela, sua actuação na resolução de disputas não é clara.
Os conflitos internos sempre existem, por razões acima referidos, mas podem facilmente tornarem-se violentos, quando há um envolvimento de outros países ou de outros agentes militares nesse tipo de conflitos, é aí onde reside o maior perigo de guerra, pois, para além dos interesses internos, regista-se um oportunismo externo, que sempre se esconde por de trás das intervenções humanitárias. Exemplos para isso não faltam: a invasão dos Estados Unidos da América ao Iraque e mais recentemente da NATO à Líbia.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

CARTA ABERTA PARA SENHORA PRESIDENTE DO MUNICÍPIO DA CIDADE DE XAI-XAI[1]

Assunto: Por uma cidade de Xai-Xai cada vez mais distante dos erros das grandes cidades, uma cidade da actualidade.
Quero antes de mais nada endereçar as minhas sinceras saudações a senhora Presidente do Município da cidade de Xai- Xai, Rita Bento Muianga, ao senhor Presidente da Assembleia Municipal Matias Albino Parruque, bem como a toda vasta equipa de profissionais que cuida dos destinos desta cidade.
Excelência, é do conhecimento de todos que a cidade de Xai-Xai está crescer a cada dia que passa, falar de Xai-Xai de acerca de 10 anos atrás, não é o mesmo que falar de Xai-Xai de hoje, quer do ponto de vista da densidade populacional, urbanização, infra-estruturas sociais e comerciais, serviços, espaços habitacionais, tráfico quer de pessoas assim como de viaturas ao longo da cidade. Excelência apesar de estar a residir fora da cidade de Xai-Xai por motivos académicos, tenho de confessar que me surpreendo positivamente cada vez que para aqui me dirijo. É tanta mudança, e desde já concordar com o vosso slogan, “juntos trabalhamos por uma cidade de sonho”. Não há como negar, a minha cidade natalícia está crescer em todas dimensões, e é muito bom, é de salutar, mas dum lado, isto torna-se maléfico, pois com este crescimento vêem grandes perigos, e típicos dos grandes centros urbanos, desde o super povoamento, roubos, criminalidade, falta de transportes, falta de espaços para estacionamento de viaturas ao longo das avenidas, poluição a todos níveis, falta de espaços habitacionais, desemprego, etc. E pelas minhas constatações sempre que visito a cidade, tenho de alertar a senhora Presidente que a cidade está a caminhar ao encontro destes problemas, pois estão a ser cometidos os mesmos erros que foram cometidos pelas grandes cidades, um exemplo claro é a cidade de Maputo (capital do país). Erros que variam desde, a concentração das principais infra-estruturas e serviços zona baixa da cidade, banhada pelo rio Limpopo (tornando-a numa zona muito propensa as cheias), e da Estrada Nacional no1 (EN1), grandes investimentos comerciais localizados ao longo da EN1, exemplificando, Shoprite, KFC, Fashion Word (esta última que abriu a pouco), localizando-se num raio de separação não superior a 400 metros. Do ponto de vista de atracão de maior clientela até que é bom que estes centros estejam próximos uns dos outros, mas para o município isto torna-se prejudicial, na medida em que tudo acontece ao longo da EN1, por sinal a única estrada que uni o país do sul ao norte, ou vice-versa. Em termos práticos, isto significa uma circulação constante de viaturas (de pequena e grande tonelagem), vindas das províncias, que vão se misturando com viaturas em circulação ao longo da cidade, ou estacionadas ao longo da EN1 pois, as maiores actividades situam-se também ao longo da EN1. Contudo esta mistura de erros, vai trazer consigo: maior congestionamento de viaturas, elevado número de acidentes do tipo choque entre viaturas, maior perigo para os peões, atropelamentos, e a necessidade de instalarão de semáforos de forma a regular o trânsito dentro da cidade.
Este, é um dos problemas, dado que um outro problema que parece estar a ganhar terreno ao longo da cidade, é a falta de transportes semi-colectivos, em particular nas horas de ponta e no período das festas de fim do ano. Nas horas de ponta (concretamente no período da tarde e inicio da noite, das 15 as 19h), as paragens da Praça, Bim grande, Dimac, Take Away, Mercado, 8º Congresso, registam grandes molduras humanas que suportam a dura realidade de ficar horas e horas e em pé a espera de um transporte.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Escreve-se Independência e lê-se Dependência


Independência na minha modesta visão significa autonomia que um país tem para se auto-governar, elaborando políticas que se adequam ao contexto local, para a satisfação como prioridade aos que voluntariamente teriam elegido o governo em exercício. É nesse ambiente que o país para se auto-sustentar no âmbito da política externa, vai voluntariamente cooperar com os demais num processo que se traduzirá numa interdependência, que é uma relação que pressupõe a conjugação de esforços, para o alcance de um objectivo satisfatório para as partes envolvidas, contrariamente a dependência que traduz-se num atrelamento involuntário à uma orientação externa, que pode ser político económico e na pior das situações chegado mesmo a abranger ambos sectores.
Foi arquitectado uma estratégia de libertar Moçambique do domínio colonial, com o objectivo de alcançar a independência. Mas este objectivo continua sendo inatingível, e a condição para o alcance do mesmo objectivo, é que os moçambicanos teriam de se unir, mas essa tal condição foi sempre irrealizável. Existirá aqui uma relação de causa e efeito, em que a condição para libertar o país seria a união e a falta do mesmo teria comprometido o alcance desse mesmo objectivo?
A nossa percepção é a de que não, independentemente das contradições dos movimentos, desavenças dos actores evolvidos, na altura da luta pela independência do país, o objectivo foi alcançado, mas o que acontece é que o capitalismo ocidental, acaba gerado uma armadilha de dependência, aos países africanos, incluído o nosso, comprometendo deste modo a sua independência.
A dependência a que nos referimos neste artigo é a económica. Estando o nível de dependência do Governo em financiamento externo, nos 45% de Orçamento do Estado que traduz-se numa ajuda externa para reduzir os níveis de pobreza, para cobrir as áreas de infra-estruturais físicos e sociais e para o funcionamento de uma porção considerável de instituições públicas.
Dados de Banco Mundial constatam que Moçambique é mundialmente um dos países mais dependentes da ajuda externa. Esta situação apresenta um elevado risco de alienação dos interesses nacionais durante a elaboração e execução dos planos e estratégias do governo, incluído, as políticas públicas. Nesta lógica, a dependência económica influencia automaticamente na legitimidade política.