sábado, 13 de agosto de 2011

De onde emana hoje, a ameaça à paz?


De entre as várias causas, a mais lógica é sem dúvida a menos óbvia, a razão disso é que ela é interna. Se não vejamos:
Emana da incapacidade de auto-governação, auto-administração e acima de tudo da falta de união dos Estados caracterizados por uma forte capacidade económica, que deriva dos recursos preciosos, que possuem, como é o caso de petróleo, à essa incapacidade alia-se uma distribuição desigual dos recursos, enraizada num regime monárquico. Esse quadro caracteriza quase todos os países do Médio Oriente e alguns da África mais especificamente da região de Magreb, sem deixar de fora a Angola.
A ameaça à paz, emana também da vulnerabilidade e da cultura de esmola dos Estados caracterizados por uma economia dependente do orçamento externo, caso da maior parte dos países africanos, incluído o nosso.
É esse quadro, que vai permitir a interferência das potências estrangeiras, caracterizadas por uma grande sede de explorar e dominar. E o mais agravante é que as instituições internacionais se mostram ineficazes ou carentes de legitimidade universal, ao tentar lidar com questões como “interferências ou invasões injustificadas”
Esse facto é sublinhado por (Hobsbawm 2007), quando diz que o papel dos organismos internacionais existentes, sobretudo da Organização das Nações Unidas (ONU), tem de ser repensada. Embora esteja sempre presente e normalmente se recorra a ela, sua actuação na resolução de disputas não é clara.
Os conflitos internos sempre existem, por razões acima referidos, mas podem facilmente tornarem-se violentos, quando há um envolvimento de outros países ou de outros agentes militares nesse tipo de conflitos, é aí onde reside o maior perigo de guerra, pois, para além dos interesses internos, regista-se um oportunismo externo, que sempre se esconde por de trás das intervenções humanitárias. Exemplos para isso não faltam: a invasão dos Estados Unidos da América ao Iraque e mais recentemente da NATO à Líbia.
Com efeito, continua em acção a lei, descoberta por V.I.Lénine, da desigualdade de desenvolvimento dos países capitalistas. Os EUA ainda continuam a ser o país capitalista mais poderoso no campo económico e militar, procuram servir-se do seu poderio para dominar o mundo. Por isso, o maior perigo que ameaça a paz, provavelmente, emana das razoes já referenciadas e sem dúvida da política externa aplicada pelos EUA. 
Sabemos claramente que um país sem paz, é caracterizado por conflitos e acima de tudo por guerras. Karl Von Chausewitz, conhecido teórico militar alemão, citado por (Cholon Guerman 1986), caracteriza a guerra como um instrumento da política, como uma continuação da política do Estado por outros meios.
A política, por sua vez é um fruto das relações entre as sociedades; o carácter dessas relações é determinado pela actividade do Estado, que tem sempre um carácter político.
O Estado tem a sua razão de ser na necessidade de realização permanente de certos fins essenciais da colectividade política. Esses fins não são alcançados pela mera existência do Estado: exigem acção contínua e por isso o Estado tem de desenvolver certas actividades úteis, de modo sucessivo e por tempo indefinido para corresponder aos seus fins, actividade a que se chama funções. (Marcelo Caetano 1991)  
Neste sentido o futuro dos povos, no que diz respeito a paz, depende da maneira como forem organizadas as funções dos Estados. É justamente da boa organização, duma administração eficaz, dum comprometimento com os ideais das nações, do empenho na redução da dependência externa, do uso racional aliado à uma distribuição equitativa dos recursos naturais, portanto, é desses factores que depende a humanidade, podendo livrar-se do perigo de novas guerras, da escravização nacional; é do Estado que dependem os rumos e as consequências do progresso da humanidade: será ele a livrar os povos, ou a leva-los às guerras.
 Pedro Munguambe 

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