Ausência por dentro, ausência
por fora
Momento em que até
o sentimento me abandona
O calar do intenso
silêncio em mim, agora aflora
Tento oferecer-me
por instantes à memória
Mas o que era
dantes, agora é apenas memória
Tenho saudades dos
instantes antes de serem memórias
Mas o tempo
evapora e arrasta a felicidade
Absorve as horas
até não sobrarem instantes
Com um ente -
querido ou um amigo que partiu
Através do qual o
destino me seduz ao vazio
O desespero é
razão da tristeza não qual mergulhei
Gastei a esperança
em tantas mortes que chorei
O meu olho é a
fonte da qual bebo a eterna dor
Me desacolho neste
mesmo abrigo que ontem era amor
A solidão chama
por mim sem precisar de abrir a boca
Escuto os passos
do meu fim caminhando com força
Talvez uma amiga
aproximar-me-ia das distâncias
Mas o sal da
língua desaboreia-me as palavras
Desisto desta
constante procura que não me acalma
Mas no íntimo, o
sangue acaricia-me como se tivesse palma
Foi a fome de
infinitos amores, que fez por dentro
As paredes do meu
interior, ruínas com o telhado suspenso
Sofrendo o peso do
seu sustento, permaneço
Sob o tempo que me
vai lambendo sobre a pele os ferimentos
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