Nos capítulos iniciais, o Especialista conta-nos como actuou nos últimos casos, com as minúcias das operações;
Depois de acumular uma boa quantia de dinheiro e “cansado de fazer os serviços”, o Especialista decide abandonar a profissão, muda o nome, passando a chamar-se José Joaquim Kibir (em homenagem à sua ascendência, que começa na batalha de Alcácer-Quibir), desfaz-se da Glock (arma) e rende-se à monogamia quando se apaixona por Kristen, que partilha com ele o gosto pela literatura.
Contudo, não se saí impunemente de assassinatos e nem se abandona o passado com tanta comodidade. O Especialista é compelido para o universo dos crimes e das perseguições. Seguem-se cenas medonhas: golpes violentos, dentes quebrados, choques eléctricos nos testículos, maquinações, mãos decepadas, línguas arrancadas por um alicate, mortes. Tudo com ligações ao tráfico e empresários riquíssimos. Abundam no livro cenas de violência, comportamentos dominantes nos livros de Rubem Fonseca, que expressam bem, neste texto flexível e legível em algumas horas, a agressividade da vida urbana. No livro, acham-se algumas similitudes entre a personagem e o seu autor e as temáticas recebem uma influência importante da vida deste último. Além de uma passagem pela polícia brasileira, Rubem Fonseca tem formação em Direito. Levando uma vida alheia a apresentações públicas, Rubem Fonseca é considerado um dos mais notáveis escritores brasileiros vivos e foi galardoado, em 2003, com o Prémio Camões.
FONSECA, Rubem. O seminarista. Lisboa: Sextante, 2010, 130pp.
Belarmino Coutinho
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