terça-feira, 27 de novembro de 2012

Eu tenho Um Sonho!


A 25 de Setembro de 1975, Moçambique conquistava a sua independência do governo colonial português. Logo após este marco na história do povo moçambicano, o país vive um momento difícil, caracterizado por uma pobreza extrema associado ao conflito armado interno que opunha o actual partido no poder, a FRELIMO e o maior partido da oposição a RENAMO, então grupo de guerrilha. Foi sem dúvida alguma, um período dramático na vida dos moçambicanos, que tanto precisavam de sossego e conforto, depois da longa e dolorosa colonização portuguesa. Após 16 anos de guerra civil, finalmente o país vive uma definitiva estabilidade, com a assinatura dos acordos de Paz em 1992, na capital italiana, Roma.
E volvidos hoje cerca de 37 anos de independência e 20 anos de Paz, Moçambique, é um país livre, estável e com sinais de um indiscutível franco desenvolvimento, por um lado, devido ao maior apoio em investimento que tem recebido por parte de organizações internacionais e por outro, pelo trabalho conjunto que o governo tem realizado com vista ao desenvolvimento sustentável e melhoria das condições de vida da população moçambicana.

Hoje o país conta com mais de 36 instituições de ensino superior, cujo objectivo é garantir a formação de profissionais em diversas áreas científicas, assim como também, regista um aumento significativo de investimentos externos de grande dimensão, que têm contribuído grandemente para o alívio da pobreza que ainda assola milhares e milhares de moçambicanos.

No entanto, apesar do visível crescimento económico e da relativa melhoria na qualidade de vida, Moçambique, enfrenta um grande problema que coloca em risco todo este esforço tendente ao desenvolvimento do país. A Corrupção.

Definida como o uso do poder para obtenção de vantagens e fazer uso de dinheiro público para alcançar interesses próprios, de um amigo, da família ou integrante. Este fenómeno, segundo especialistas, pode ser visto a dois níveis, nomeadamente:  Pequena Corrupção  (a mais visível), que verifica-se nos postos policiais, unidades sanitárias, escolas, e departamentos do governo e Grande Corrupção,  que caracteriza-se por desvio de fundos significativos dos cofres do Estado e no mau comportamento e abuso de poder.

Este problema, tem como consequências, a diminuição do investimento externo, redução ou má a prestação de serviços públicos, grandes despesas para o governo, sendo que a população mais desfavorecida é a maior vítima, pois, depende totalmente de serviços públicos.

Contudo, mesmo diante desta dramática situação,  Eu tenho um sonho. Diz se que a corrupção em Moçambique, apesar de se considerar um crime, é um acto legitimado pela sociedade e portanto, é uma norma social e cultural que faz parte do quotidiano dos moçambicanos, porém, mesmo assim,  Eu tenho um sonho.

Eu tenho um sonho de nunca mais ouvir condutores na Cidade de Maputo, se queixando de subornos pelos polícias, pelo que, sonho em cada dia da minha vida, com uma polícia moçambicana justa, íntegra e que seja efectivamente actor da lei e ordem no país.

Nem com as grandes filas e enchentes nos hospitais e noutros serviços públicos,  Eu tenho um sonho.  Pés embora “os magros” salários que os nossos funcionários públicos ostentam,  Eu tenho um sonho.  O sonho de jamais presenciar cenas de gorjetas à agentes públicos para ou por um atendimento mais rápido/melhor em qualquer que seja instituição do Estado e nem de ser cobrado algum valor monetário “injustamente” por um serviço a que mereço por direito.    

Eu tenho um sonho, sonho de ver aquele Gabinete Central de Combate à Corrupção, funcionando com eficiência e eficácia para os propósitos aos quais foi instituído, ou seja, investigar e instaurar processos contra os funcionários públicos acusados de fraude e abuso do poder.  Eu tenho um sonho, de presenciar mais casos de funcionários desonestos e corruptos sendo condenados exemplarmente, tal como aconteceu na empresa dos Aeroportos de Moçambique, onde funcionários de alto nível, foram responsabilizados por desvio de grandes quantias de dinheiro do Estado.

Ainda que me digam que as caixas de reclamação nas instituições públicas, não funcionam, são apenas para “o inglês ver” como por cá se diz, Eu tenho um sonho de um dia este país se tornar exemplo de transparência, de responsabilização e acima de tudo de integridade, no que diz respeito a governação, prestação de contas e resolução dos problemas do povo.

Eu tenho um sonho, de uma geração futura que não tenha como obstáculo para o seu desenvolvimento, a Corrupção, e que se empenhe lutando por um Moçambique próspero e ainda melhor. Em fim,  Eu tenho um sonho,  de um dia viver em um Moçambique livre da corrupção.

(Baseado no original discurso de Martin Luther King, 28/08/1963)

Sem comentários:

Enviar um comentário