quarta-feira, 24 de agosto de 2011

"O seminarista"

O narrador deste livro, também protagonista da trama, é “conhecido como Especialista”, por ser um matador implacável. Recebe ordens do Despachante e executa os serviços com eficácia: “sempre dou um tiro na cabeça”, diz. Coragem para matar é o que nunca lhe faltou. Revela-nos, aliás, que “para um matador profissional a pior coisa do mundo é ter uma consciência”; Claro que há sempre disposição a mais para matar um pedófilo, um assassino, um necrófilo, e uma certa autocensura para matar mulheres, crianças e bichos; Não se interessa em saber quem é o “freguês” (nome a que chama as suas vítimas) e, por essa razão, o Especialista não lê jornais. Agradam-lhe a leitura, os filmes em DVD e as mulheres. Ex-seminarista, guarda dessa experiência a paixão por citações em latim.
Nos capítulos iniciais, o Especialista conta-nos como actuou nos últimos casos, com as minúcias das operações;
Depois de acumular uma boa quantia de dinheiro e “cansado de fazer os serviços”, o Especialista decide abandonar a profissão, muda o nome, passando a chamar-se José Joaquim Kibir (em homenagem à sua ascendência, que começa na batalha de Alcácer-Quibir), desfaz-se da Glock (arma) e rende-se à monogamia quando se apaixona por Kristen, que partilha com ele o gosto pela literatura.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

X jogos africanos de Maputo

Ao aproximarmo-nos da maior festa desportiva de África, que terá lugar na capital moçambicana, de 03 a 18 de Setembro do corrente ano, os preparativos são evidentes por quase todos os cantos e em alguns serviços como de ordem e segurança, limpeza das avenidas da cidade entre outros. Mas como não devia faltar, a cultura de deixar tudo para mais tarde, também se revela neste momento, seja por parte do Comité Organizador dos Jogos Africanos (COJA), como por parte das autoridades do governo moçambicano.
À sensivelmente uma semana e meia para a realização dos jogos, há muito ainda por se efectivar, com vista a realização com sucesso dos X Jogos. Alguns campos desportivos ainda não estão prontos, a estrada nacional número (N1), que dá acesso a vila Olímpica em Zimpeto, encontra-se em obras, pés embora, sua reabilitação não tinha em vista a realização destes jogos, no entanto, os prazos para a sua entrega lá já se foram, o que de certa forma poderá ter implicações negativas, na medida em que, esta via em melhores condições, poderia facilitar o trânsito e a movimentação das comitivas participantes e de singulares, e porque não, dar uma boa imagem da cidade aos visitantes.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Recuperar a Arca de Pessoa


Um sítio na internet e uma petição foram criados para pressionar a Secretaria de Estado da Cultura de Portugal a reaver a arca que conteve durante décadas uma grande quantidade de escritos de Fernando Pessoa, entre poesia, prosa e ensaios. O objectivo é encontrar a arca e colocá-la em exposição pública “para que todos a possam admirar”. Ao que se diz, Pessoa levou-a nas várias mudanças de apartamento que fez nos anos 30 do século passado. “Como um símbolo, mesmo vazia, a arca representa toda a sua vida, porque a sua vida foi dedicada completamente à escrita, à sua Obra”, lê-se no sítio.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Para que servem as Universidades?


Quando era estudante no ensino secundário, enchia-me de expectativas positivas a respeito da universidade em Maputo, acreditando encontrar, depois de admitido, um espaço consagrado por excelência para expandir a inteligência, aprender a aprender, discutir, opinar livremente, etc. Tudo isso foi logo desmentido pela realidade.
Desde que entrei para a universidade e à medida que os tempos correm, desiludo-me continuamente. A petulância de alguns professores, os métodos de ensino inadequados, a escassez de meios e as intoleráveis condições para o estudo, a falta de perspectivas, tudo isso transforma o nosso futuro numa grande incerteza, pior do que seria de outro modo. A universidade era, no meu imaginário, uma coisa completamente diferente daquilo que encontrei. Tinha uma compreensão ilusória que resultava de ideias que me iam inculcando os que tinham tido experiências no ensino superior e do que via nos filmes ou lia nos livros. Foi um choque enorme ter descoberto, alguns meses depois de entrar, que a universidade, pelo menos como a imaginava, era uma esperança irrealizável. Ao fim de oito meses contava a um amigo os primeiros episódios frustrantes.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Em busca pelos restos mortais de Cervantes


Um grupo de investigadores iniciará a busca pelos ossos do autor de “Dom Quixote”, num mosteiro de Madrid, onde seus restos mortais foram depositados em 1616, não sendo conhecido o local exacto. Os preparativos iniciaram há 18 meses quando Luís Avilar comentou com o historiador Fernando Prado uma ideia sugerida por um amigo, noticia o “ELPAÍS”. A ideia apaixonou Prado e transformou-se num plano concreto de resgate. Os dois procuraram referências importantes sobre Cervantes e o mosteiro, construído em 1609 e reconstruído 1673. A operação, que recorrerá a sondagens no subsolo e paredes através de infravermelhos, terá a duração de três semanas       e conta com o aval da Real Academia Espanhola       e o beneplácito do Arcebispo de Madrid. A descoberta e posterior análise dos ossos permitirá revelar as causas da morte de Cervantes, que se acredita que tenha sido de cirrose, quando o autor tinha 69 anos.
Os especialistas afirmam que não será difícil identificar os restos do escritor, devido a lesões sofridas       no braço esquerdo durante a batalha de Lepanto, em 1571, que deixaram sinais em seus ossos.

sábado, 13 de agosto de 2011

De onde emana hoje, a ameaça à paz?


De entre as várias causas, a mais lógica é sem dúvida a menos óbvia, a razão disso é que ela é interna. Se não vejamos:
Emana da incapacidade de auto-governação, auto-administração e acima de tudo da falta de união dos Estados caracterizados por uma forte capacidade económica, que deriva dos recursos preciosos, que possuem, como é o caso de petróleo, à essa incapacidade alia-se uma distribuição desigual dos recursos, enraizada num regime monárquico. Esse quadro caracteriza quase todos os países do Médio Oriente e alguns da África mais especificamente da região de Magreb, sem deixar de fora a Angola.
A ameaça à paz, emana também da vulnerabilidade e da cultura de esmola dos Estados caracterizados por uma economia dependente do orçamento externo, caso da maior parte dos países africanos, incluído o nosso.
É esse quadro, que vai permitir a interferência das potências estrangeiras, caracterizadas por uma grande sede de explorar e dominar. E o mais agravante é que as instituições internacionais se mostram ineficazes ou carentes de legitimidade universal, ao tentar lidar com questões como “interferências ou invasões injustificadas”
Esse facto é sublinhado por (Hobsbawm 2007), quando diz que o papel dos organismos internacionais existentes, sobretudo da Organização das Nações Unidas (ONU), tem de ser repensada. Embora esteja sempre presente e normalmente se recorra a ela, sua actuação na resolução de disputas não é clara.
Os conflitos internos sempre existem, por razões acima referidos, mas podem facilmente tornarem-se violentos, quando há um envolvimento de outros países ou de outros agentes militares nesse tipo de conflitos, é aí onde reside o maior perigo de guerra, pois, para além dos interesses internos, regista-se um oportunismo externo, que sempre se esconde por de trás das intervenções humanitárias. Exemplos para isso não faltam: a invasão dos Estados Unidos da América ao Iraque e mais recentemente da NATO à Líbia.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

CARTA ABERTA PARA SENHORA PRESIDENTE DO MUNICÍPIO DA CIDADE DE XAI-XAI[1]

Assunto: Por uma cidade de Xai-Xai cada vez mais distante dos erros das grandes cidades, uma cidade da actualidade.
Quero antes de mais nada endereçar as minhas sinceras saudações a senhora Presidente do Município da cidade de Xai- Xai, Rita Bento Muianga, ao senhor Presidente da Assembleia Municipal Matias Albino Parruque, bem como a toda vasta equipa de profissionais que cuida dos destinos desta cidade.
Excelência, é do conhecimento de todos que a cidade de Xai-Xai está crescer a cada dia que passa, falar de Xai-Xai de acerca de 10 anos atrás, não é o mesmo que falar de Xai-Xai de hoje, quer do ponto de vista da densidade populacional, urbanização, infra-estruturas sociais e comerciais, serviços, espaços habitacionais, tráfico quer de pessoas assim como de viaturas ao longo da cidade. Excelência apesar de estar a residir fora da cidade de Xai-Xai por motivos académicos, tenho de confessar que me surpreendo positivamente cada vez que para aqui me dirijo. É tanta mudança, e desde já concordar com o vosso slogan, “juntos trabalhamos por uma cidade de sonho”. Não há como negar, a minha cidade natalícia está crescer em todas dimensões, e é muito bom, é de salutar, mas dum lado, isto torna-se maléfico, pois com este crescimento vêem grandes perigos, e típicos dos grandes centros urbanos, desde o super povoamento, roubos, criminalidade, falta de transportes, falta de espaços para estacionamento de viaturas ao longo das avenidas, poluição a todos níveis, falta de espaços habitacionais, desemprego, etc. E pelas minhas constatações sempre que visito a cidade, tenho de alertar a senhora Presidente que a cidade está a caminhar ao encontro destes problemas, pois estão a ser cometidos os mesmos erros que foram cometidos pelas grandes cidades, um exemplo claro é a cidade de Maputo (capital do país). Erros que variam desde, a concentração das principais infra-estruturas e serviços zona baixa da cidade, banhada pelo rio Limpopo (tornando-a numa zona muito propensa as cheias), e da Estrada Nacional no1 (EN1), grandes investimentos comerciais localizados ao longo da EN1, exemplificando, Shoprite, KFC, Fashion Word (esta última que abriu a pouco), localizando-se num raio de separação não superior a 400 metros. Do ponto de vista de atracão de maior clientela até que é bom que estes centros estejam próximos uns dos outros, mas para o município isto torna-se prejudicial, na medida em que tudo acontece ao longo da EN1, por sinal a única estrada que uni o país do sul ao norte, ou vice-versa. Em termos práticos, isto significa uma circulação constante de viaturas (de pequena e grande tonelagem), vindas das províncias, que vão se misturando com viaturas em circulação ao longo da cidade, ou estacionadas ao longo da EN1 pois, as maiores actividades situam-se também ao longo da EN1. Contudo esta mistura de erros, vai trazer consigo: maior congestionamento de viaturas, elevado número de acidentes do tipo choque entre viaturas, maior perigo para os peões, atropelamentos, e a necessidade de instalarão de semáforos de forma a regular o trânsito dentro da cidade.
Este, é um dos problemas, dado que um outro problema que parece estar a ganhar terreno ao longo da cidade, é a falta de transportes semi-colectivos, em particular nas horas de ponta e no período das festas de fim do ano. Nas horas de ponta (concretamente no período da tarde e inicio da noite, das 15 as 19h), as paragens da Praça, Bim grande, Dimac, Take Away, Mercado, 8º Congresso, registam grandes molduras humanas que suportam a dura realidade de ficar horas e horas e em pé a espera de um transporte.