sexta-feira, 20 de dezembro de 2013
domingo, 14 de abril de 2013
Minerva, abre 78ª Feira do livro
A livraria Minerva abre próxima quinta-feira, dia 18 de
Abril, na sua sede em Maputo a 78ª
feira do Livro. Decorrendo de 18 de Abril a 4 de Maio, o evento tido
como tradicional na história do país e da Minerva, coincide com a celebração do
seu105º aniversário que este ano assinala.
A feira contará com
um conjunto de actividades diversas, com destaque para o lançamento do livro “Minerva, 100 anos”, retrato de um
século de vida da instituição, que conta com textos de Machado da Graça e
investigação de António Sopa.
A cerimónia de inauguração contará com as presenças do
Ministro da Cultura, Armando Artur, dos escritores Luís Bernardo Honwana, Lília
Momplé, Suleiman Cassamo, Ungulani Ba Ka Khosa, Sónia Sultuane, Barnabé Nkomo,
Dércio Pedro e Rinkel. Na mesma data, será inaugurada uma exposição
documental - uma selecção de objectos, entre fotografias, máquinas de escrever,
recortes de anúncios em jornais - livros raros, da responsabilidade de Ana
Antunes e Rita Couto.
Outras acções associadas à feira serão uma caça ao tesouro na
fortaleza de Maputo, uma actividade para a infância com presença de animadores,
lançamentos de livros, uma sessão de poesia no dia internacional do livro, um
concurso de escrita e uma homenagem ao escritor Luís Bernardo Honwana.
Com quase 1000 novos títulos, nas mais diversas áreas, a
FEIRA contará com a participação de mais de 20 autores moçambicanos e tem
parcerias com a Universidade Eduardo Mondlane, a Associação dos Escritores
Moçambicanos, o Pelouro da Cultura do Conselho Municipal de Maputo, os Poetas
d’Alma - ICMA, o Projecto Formiga Juju, o Projecto Ler para Crescer e a Plural
Editores.
Fundada em 1908, a Livraria Minerva é a mais antiga do país,
uma das três mais antigas do Continente africano.
"Minerva, Livros
com História"
segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013
Minha Vizinha!
Fazia tempo que o cruzamento dos nossos olhares resultava em uma tempestade
“não sei direito” dolorosa, porém ao mesmo tempo agradável. Nunca havíamos
trocado palavras, até porque acabara de me mudar para aquele bairro e portanto
tomado pela vergonha não me expunha para aquela gente que pouco conhecia.
E mesmo dominado pela timidez que me ofuscava por dentro, uma coisa eu
tinha certeza. Queria falar e conhecer minha vizinha. Não era para menos. Ela
era extraordinariamente linda, corpo de “viola” como por cá se diz, sorriso
ardente e contagiante, e a cada vez que eu a via descalça, sacudindo o calor em
pleno passeio da sua casa, imaginava ciumentamente aquela arte de mulher
desfilando numa das passarelas de Milão.
Pés embora, a decepção amorosa que tivera anteriormente, ainda me restou
espaço e paciência para me atrair por ela, que para além de atraente revela-se
mais experiente e bem vivida, contudo, mesmo assim pretendia ao menos dizer
para ela “oi? …”. E foi assim que em direcção ao portão da minha casa, vindo de
mais uma batalha diária, de repente uma voz que parecia alguma vez ter
sussurrado ao meu ouvido durante um sonho, diz: olá? Ganhei susto, não pelo tom
da voz, até porque era tão suave, mas pela forte energia que a mesma
transmitiu-me deixando-me completamente paralítico tendo respondido apenas –
oi, …! Gostaria de ter falado mais alguma coisa, mas o seu olhar e sorriso
acompanhados pelo perfume que apimentava o local, me roubaram as palavras. Se
não fosse pelo grito de alguém que da minha casa chamava por mim, confesso que
teria seguido em frente passando pelo portão de casa despercebidamente.
Durante aquela tarde, a palma da mão não me saia da testa. Pensativo e
feliz pelo que acontecera, no entanto, sentia-me desafiado, devendo também lhe
dizer “oi?” e naturalmente de forma diferente.
Nos dias que se seguiram, fui lhe saudando da mesma forma como ela fizera,
talvez com alguma coisa a mais, mas sem nada digno de realce. Infelizmente, a
vida dura que carrego vai me roendo pouco a pouco a memória. E portanto, já não
me lembro direito, apenas sei dizer que “num dia”…mas, num dia…a nossa saudação
levou mais tempo que o habitual e no tal curto tempo, consegui lhe “roubar” com
sucesso um convite para passar a tarde comigo.
Eh! Fazia bastante tempo que não recebia uma visita do género, nem me
lembro da última vez que tal teria acontecido, e por isso estava tenso!
Encontrava-me no quarto quando ela bateu a porta, e suado de tanta tensão e
ansiedade, na minha inexperiente cortesia a recebi com todo carinho.
No quarto, com cada palavra trocada ia ganhando mais coragem, mas ao mesmo
tempo ficava claro que ela era efectivamente mais vivida, o que sem dúvida me
deixa receoso.
Durante a conversa fui lhe falando desabafadamente da minha me*** de vida,
e ela das suas aventuras e perspectivas para o futuro, o que nalgum momento me
deixava ciumento, pois ficava com impressão de que ela era muito mais feliz que
eu. Entretanto, com ela aprendi que “talvez” devia parar de pensar como adulto,
passar tempo comigo mesmo e me conhecer melhor, de forma a conquistar não só
uma vida de sucesso, mas acima de tudo repleta de felicidade. Ela reconheceu e
elogiou (o que ninguém me fazia por muito tempo), a minha entrega e
objectividade no trabalho, contudo, disse me que sonhava grande de mais. Para
ela, sonhar era bom, mas pensar planejando de forma concreta era ainda melhor e
sobretudo objectivo.
Já tinha ouvido alguma vez o que ela me dissera, porém parecia primeira vez
e prometi-lhe tirar um tempo na minha vida para colocar as ideias no lugar.
Era um momento fantástico, e fabulosa era também a pessoa com que
partilhava, linda e deslumbrante como se seus pais tivessem encomendado um
médico-arquitecto para cuidar da gravidez. Com ela aí, o mundo podia acabar,
era como se tivesse atingido o cúmulo da minha felicidade. E der repente
enganado pelo movimento extraordinário de seus lábios, sou assaltado por um
beijo. Um beijo! Um beijo! Mas um beijo! Beijo longo, que a cada segundo ia
apertando cada vez mais meu íntimo, com a paixão reduzindo crescentemente a
razão do meu ser. Ela me abraçava, me apertava como ninguém me fizera antes,
enxugando toda paixão que a atormentava após ter me visto pela primeira vez.
Nos “poucos” instantes que a razão me chamava, era presenteado por uma peça de
roupa caindo no chão. Cama solteira que ficava cada vez mais solteira por nunca
ter visto mais ninguém por lá além de mim, naquele momento ajeitava e
aconchegava nossos corpos juntos como Adão e Eva.
… após aquilo, os nossos olhares depararam se como se de duas crianças se
tratassem, esperando por um castigo depois de uma grande asneira. Ainda houve
aperitivo de piadinhas, mas o mais evidente, era a felicidade entre
ambos. Mesmo na minha ingenuidade naquilo, tinha certeza de que pelo menos lhe
fizera feliz naquele momento.
Com receio de estragar tudo “não sei”, ela despediu-se e disse: até mais
Jorge. Curiosamente era primeira vez que pronunciava meu nome, mas foi
fantástico, parecia mais bonito do que é. Hehehe! "Tirei lhe" do
quarto e ela deu-me um beijo na bochecha e ainda disse bem no meu ouvido –
fique bem.
Não podia lhe acompanhar até ao portão, afinal de contas era minha vizinha.
Quando voltei ao quarto, o som da música não era o mesmo, o perfume do quarto
também aparentava alterado, tinha tudo mudado, sobretudo em mim.
E na esperança de a partir daquele momento poder contar com mais alguém
para partilhar os sabores e dissabores da minha vida, fui desesperadamente
surpreendido com a notícia que dava conta que ela tinha viajado. Tsk! Fiquei
sabendo também que ela apenas estava aí desfrutando os últimos dias de férias
académicas, e com o início do ano lectivo regressara ao estrangeiro para
terminar os estudos.
Não tendo me contando nada sobre aquilo, tudo que acontecera entre nós,
começou a perder sentido. O homem que mudara em menos de 24 horas, tinha
mergulhado de novo numa estranha e sem precedentes decepção. No entanto,
racionalmente sentia me bem e reconhecia que um dia tinha me tornado feliz.
Na esperança de um dia revê-la, assinei na minha cabeceira – Minha vizinha.
Subscrever:
Mensagens (Atom)