Hegemonia partidária
é segundo Mainwaring[1],
citando Sartori, um sistema em que o partido oficial sempre ganha as
eleições importantes, embora os partidos de oposição possam vencer em alguns
contextos locais, e eleger membros para as assembleias estaduais e nacional.
Não se permite aos partidos da oposição competirem em pé de igualdade no mesmo
nível, e se eles vencem “demasiado” apesar do desnível dos jogos, a repressão e
a intimidação podem ser usadas como represália.
Na mesma linha de pensamento, Ronning, citado por
Forquilha[2], afirma
que hegemonia partidária significa um sistema em que apesar de haver eleições
mais ou menos competitivas, o partido no poder domina e os partidos da oposição
tendem a enfraquecer de eleições em eleições e o partido no poder
frequentemente comporta-se com um certo grau de auto-suficiência e arrogância,
o que contribui para a apatia dos eleitores e abstenção.
Em Moçambique, à semelhança do que aconteceu noutros
países africanos, após a independência adoptou-se o monopartidarismo, o que teria
criado tensões interna e externamente, forçando o partido no poder a uma
transição política para a democracia, com aprovação da constituição de 1990,
que defendia entre outros direitos, o multipartidarismo, o que veio a
concretizar-se com a realização das primeiras eleições gerais e
multipartidárias em 1994. Assim sendo, estava aberto um campo político de
liberdades políticas e porque que não, para alternância de poder em Moçambique.
O slogan “A FRELIMO
é que fez, a FRELIMO é que faz”, das últimas eleições diz tudo sobre este
comportamento arrogante, havendo até neste momento painéis do partido da
“última” campanha eleitoral, nas avenidas de algumas cidades. E facto curioso
nisto, é o gigante painel em destaque neste texto, que se encontra na Cidade da
Maxixe (capital económica da província de Inhambane), por sinal da campanha
eleitoral de 2004. Tal como a imagem mostra, o painel está completamente velho,
tendo perdido todo brilho que talvez pudesse alindar a avenida em questão.
Este comportamento, leva-nos a dizer que em muitos casos,
a hegemonia política da FRELIMO retira transparência, abertura e inclusão no
funcionamento das instituições públicas, tornando-as em muitos aspectos,
semelhantes ao que eram durante a vigência do regime de partido único com
consequências para a participação política em geral (Forquilha, 2011:40).
Ofice Jorge
Confira
alguns dos painéis da última campanha eleitoral da FRELIMO, que ainda se encontram em Maputo:
(Av. Joaquim Chissano)
(Praça do Destacamento feminino)
(Av. Mao-Tse-Tung)
(Av. 24 de Julho/ Av. Filipe Samuel Magaia)
(Av. Ho Chin Min)
[1] Os objectivos dos partidos
sob regimes autoritários eleitorais ou democracias frágeis: Jogo em duas frentes. Civitas. Porto Alegre. Nº 2, Vol. 2, 2002.
[2] FORQUILHA, Salvador e ORRE, Aslak. “Transformaçoes sem mudanças: os conselhos locais e o desafio da
institucionalização democrática em Moçambique”. In L. Brito; Carlos Nuno C. Branco; S. Chichava e António
Francisco. “Desafios para Moçambique 2011, IESE, 2011.
Arrogância e autoconfiança, muito bem encontrados os adjectivos que qualificam o partido no poder meu carro, a arrogância caracteriza alguns lideres daquele partido, os considerados veteranos de guerra, proprietários do país na sua óptica, sem nenhuma cultura de disputa politica, ignorado categoricamente a existência da oposição e pior ainda de qualquer tipo de discórdia da sociedade no geral, e a autoconfiança caracteriza o partido no poder que antes mesmo de concorrer ja se considera o vencedor e urge dai uma questão, qual é a necessidade das eleição?
ResponderEliminarSe ja conhecemos o vencedor.
Quanto aos painéis, esses meu carro de como estão espalhados e em sítios estratégicos, substituem a bandeira nacional. Isso claramente demonstra que o país não pertence a nação mas sim ao partido no poder.
é isso aí mano, Dhlakama quando diz que as eleições intercalares de Quelimane, Pemba e Cuamba são uma fantochada, talvez tenha razão....
ResponderEliminarparabens
ResponderEliminar