Cantinho Poético



Tudo Acontece no Momento Certo

Ventos, tempestades, guerras frias no interior da nossa alma
Caminhamos para um qualquer lugar, cegos do rumo a trilhar
Queremos nascer, crescer e morrer num só instante
Pois, por vezes tornamo-nos virgens da razão de um martírio incessante

Dominados pela ganância, pela inveja, pela ambição e pelo ódio
Somos um todo oprimido pelo óbvio     
De coiro sombrio, o qual supomos reflectir o nosso interior
Pois, escasso do que sonhamos e esperamos, alcançamos quando precisamos

No imaginar pode-se criar, e ao criar pode-se alcançar sem imaginar
Será que o tempo corre mais lento do que a ansiedade que sinto?
Questiono-me a mim mesmo, constantemente
Porque será que o imediatismo é sempre fiel à esperança inexistente?          
E a fé é abalada pelos mais sórdidos desejos além do espírito?
                                                            
Nesse espaço de desatinos, podes encontrar o teu próprio conceito
Mas não procures sonhar mais do que podes alcançar
Segue os traços do destino, pois tudo acontece no momento certo
 Stélio Paúnde (Kolapso)
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Dona minha!
(Por tudo e mais nada, a Olinda João Nhampossa)

Agora cale!... Deixa voar e esvoaçar as mágoas e tristezas
para o alto das docas e esconderijos de meus leais versos
de amor, de saudades, de lembranças e fogos que divagam
minhas veias e suores de velhas historias que se arquitectam


na dócil esteira do seu possesso corpo de atavios e bálsamos
Agora, cale dona minha!... Deixa eu cantar profundo os ódios
e bocejos do seu miraculoso corpo de ornatos, dores e arrepios
que palpitam concretos ecos e açucenas do meu glacial templo


Ó dona minha!... Deixa eu beijar de joelhos e bruços turvos
Os curvos aromas de seus beiços violinos e secar de ternuras
Seu despido e desprendido choro de lendários ecos e salmos
Salmos e litanias – polvilhados na longa via alagada de flores


e rosas – deixa tudo passar!... As dores, as magoas e tristezas
que nos correm e nos dormem – deixa tudo isto passar e correr

 Dionísio Geraldo Bahúle
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Quem somos, donde viemos e para onde vamos?

Quem somos, donde viemos e para onde vamos?
Questionamo-nos quase sempre que não nos encontramos
Seremos nós o que desconhecemos?
Ou, até desconhecemos o que realmente desconhecemos?

Certamente, somos o que acreditamos ser para não deixarmos de algo ser
O ventre da nossa existência seria talvez o oráculo para tudo o resto compreender
Será a descarnação o portal para o nosso destino último?
Ou então, o nosso destino último será a descarnação

Vivemos sob a sombra da cortina de fumo da vida
Dubiamente envoltos no Karma, nos deuses e nas demais revelações consentidas
Sem saber se sabemos saber ou se fomos feitos para não saber todo o saber
Será o pleno saber o nosso fim, por isso ainda não o podemos deter?

O mundo avança, a humanidade segue mas não a esperança
Somos concebidos e criados por entre códigos incógnitos, desprovidos como crianças
Não me passa de longe que estejamos por nós próprios a ser usados
Afinal, quem somos, donde viemos e para onde vamos?

Stélio Paúnde (Kolapso)
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