terça-feira, 14 de junho de 2011

Uma Sociedade totalmente questionável


Nos dias que correm, vivemos numa sociedade quase que imbuída de contrastes, vícios de excentricidades, repressivas divergências que fecundam numerosos ataques verbais entre as diferentes gerações. Contudo, é por frente deste pano de fundo umbrático que se revela a vigente realidade, num período em que urge o resgate dos valores nacionais e sociais outrora cultivados com sangue, suor e lágrimas dos nossos ancestrais sobre esta jovem terra, que o tempo fê-los refém.
É certo que, nada obsta de nós como seres humanos livres, gozarmos dessa mesma liberdade para fazermos aquilo que bem entendemos e quando entendemos, desde que seja lícito, porém, há determinados comportamentos, determinadas atitudes que socialmente chocam com alguns princípios básicos e morais. A medida que crescemos é natural que em nós algo se altere, quer física, quer psicologicamente, sendo que a sociedade se move à velocidade dos passos das pessoas que nela se encontram inseridas, também é natural que surjam novas realidades diariamente, isto porque o Homem igualmente se transforma dia após dia. Por um lado há quem repreende, mas por outro, há sempre quem apoia a tempestuosa chuva de mudanças que vai caindo constantemente, submergindo e arrastando consigo a cultura, as tradições, os preceitos consuetudinários, enfim. Mas tudo o que se revela lúdico nesses nossos tempos altamente modernos, parece despir a lucidez de quem se deixa envolver.
Ouvi vezes sem conta como rituais transcendentais Hindus, o soprar dos típicos ensinamentos dos nossos mais velhos, a vida nos tempos de Samora no que respeita à civilização social, aos contornos dos maus caminhos trilhados, mas parece que essa velha música para o espírito, tivera desvanecido com o tempo junto dos seus ensinamentos. Era bom que isso fosse verdade, pelo menos para alguns, precisamente os mais novinhos, se for, então é para estes, talvez o maior fantasma de sempre. Exclamaria o meu pai “que juventude perdida!”, infelizmente também potencialmente, sou integrante dessa mesma sociedade jovem cujas escolhas azedas que nutri, a mantém nua de paladar pelas coisas verdadeiramente doces. Perguntas hoje, sobre as nossas tradições, sobre a essência do nosso país, nada returque, pois carece de bases e nem se predispõe a procura-las. Será que o nosso país nada tem de bom para desfrutar? Dúbio seria concordar, estaria a ser inerte tal como a sociedade actual julga estarem os princípios e as tradições, motivo pelo qual deles não partilham.
Dispomos cá entre nós, de maravilhosos ritmos e danças que carecem de exploração, mas não, preferimos beber de forma inebriante os pertences alheios, e até transformamo-los alegando a posterior serem nossos ou provindos das nossas raízes. É triste quando se tem oportunidade de progredir, insistir em regredir, no fundo isso só nos faz nalguns momentos cogitar que, também transportamos por dentro a mesma essência do nosso coiro. Até certo ponto, uma sociedade inquestionável é possível, tudo depende de nós mesmos.    
        Stélio Paúnde (Kolapso)
Comentários
1 Comentários

1 comentários:

  1. O seu artigo, meu caro Stélio, é frontal, directo e acima de tudo preocupante, o que faz com a que as sensibilidades humanas se sentam atingidas particular da pátria em questão, a nossa.
    Se cultura é um complexo unitário que inclui: conhecimento, leis, crença, ética e as capacidades adquiridas pelo individuo na sociedade em que se encerre. (Eduard Taylon).
    Partido desse conceito antropológico, quem de nós tem conhecimento mínimo de como a nossa cultura se forma e se mantém, quem respeita as nossas leis, quem de entre nós valoriza as nossas crenças, quanto a ética, do topo à base quem a tem?
    Assim sendo vale a pena questionar. Somos um povo com cultura?

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