quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Espelhando o dia do Estudante

Comemora-se hoje, mais um dia do estudante em Moçambique e pelo mundo inteiro, e sendo eu, um deles, ou seja, espelho do estudante no meu país, me vejo numa posição privilegiada para falar daquilo que é o dia-a-dia dessa classe aparentemente considerada, na chamada pérola do Índico (Moçambique). Digo “aparentemente considerada”, pelo simples facto de ser uma classe frequentemente enaltecida nos discursos ou mesmo nos programas do governo, mas que na realidade nada por ela é feita no sentido de se melhorar a sua condição, quer do ponto de vista das infra-estruturas, quer do ponto de vista da qualidade do seu ensino e também, não menos importante, do seu enquadramento após a sua formação.
Contudo, a classe estudantil não parece preocupada com o actual cenário, visto que nada faz para reverter a situação sendo que, os representantes dos estudantes (as associações e núcleos estudantis) claramente apadrinhadas por grupos de interesse, quer no governo, quer na academia, estão acomodados com as suas posições, pois deles tiram proveitos próprios, relegando para o segundo plano os anseios dos estudantes no geral.

Conversei seriamente com a pessoa que me convidou a escrever este artigo, tendo eu lhe dito na altura que não sabia o que escrever simplesmente, na medida em que, o que eu mais constato são problemas do que acções notáveis por parte dessa classe estudantil e por isso me vi numa situação bem difícil, pois, é mais um dia do estudante, merecendo parabenizações e não necessariamente críticas.
Com efeito, este artigo não pretende responder a estas ou aquelas questões que têm surgido inquietando o estudante. Pretende apenas e de forma oportuna contribuir para a melhoria do papel do estudante na luta pelo seu bem-estar quer na academia, quer na sociedade.
A participação activa e decisiva no processo da melhoria do sistema do ensino e aprendizagem no país, tem sido na minha modesta opinião limitada, não por falta de espaço, mas fundamentalmente pela ausência de organização, coesão e valores que a comunidade estudantil não tem conseguido consolidar. Em Paralelo a essa constatação, tem se notado a participação da comunidade estudantil na promoção da qualidade do ensino. Mas porém este envolvimento tem sido feito apenas a nível nacional, contando com poucas redes, com destaque a CADE (Comunidade Académica para o Desenvolvimento Estudantil).
Outro problema, ligado a representatividade dos estudantes, é a “elitizaçao” e “urbanização” das actividades pró-activas, quer de promoção de emprego, quer da revitalização do papel do estudante na luta pelo seu bem-estar. Isso faz com que a maior parte dos estudantes ao nível local, sejam excluídos dos processos de auscultação.
A melhoria do papel do estudante na luta pelo seu bem-estar quer na academia, quer na sociedade, é um grande desafio que deve ser capitalizado pelo interesse que se vem demonstrando nos estudantes a todos os níveis.
O grande desafio da comunidade estudantil é trazer todas aquelas vozes que não tendo oportunidade de se manifestar, devido aos diversos constrangimentos, continuam não sendo ouvidas. São vozes importantes, dado que, não só constituem o grupo alvo, porem principalmente porque, em algum momento, eles mesmo são causadores do problema, como foi acima referido.
O estudante como principal actor no processo de ensino e aprendizagem, deve saber e assumir que o ensino está para o servir. É seu dever exigir ao governo e de si mesmo a qualidade de ensino e outras acções que contribuam para essa concretização.
Acredito que os núcleos de diálogo que podem ser formados a nível local poderão servir no futuro, de estruturas estudantis mais organizadas onde os estudantes poderão participar de forma inclusiva dos seus próprios problemas e na melhoria da própria qualidade de ensino.
Entretanto, apesar de tudo, votos de um feliz dia “17 de Novembro”, a todos estudantes.
Comentários
2 Comentários

2 comentários:

  1. Eh meu caro Pedro, primeiro, os meus parabéns pelo artigo. Segundo, gostaria de dizer que, está na hora dos estudantes se tornarem ativos, pelo menos em questões que lhes dizem respeito. Os estudantes universitários em particular os de Moçambique, não gozam de autonomia e poder que tem para se fazer sentir, seja nas suas próprias academias como na sociedade no geral, limitam-se simplesmente em lamentar, (matéria x ou y, professor x ou y), muitas vezes são injustiçados, mas como se sentem inferiores, nada fazem, o que tem consequências negativas, quando estes mesmos estudantes vão ao mercado do emprego. O que se espera de um estudante que passou a academia sofrendo humilhações e injustiças e por conformismos não reagiu! Está também na hora de se rever os requisitos, exigidos para dirigir ou constituir uma associação de estudante ou núcleo, pelo menos na instituição em que me encontro UEM, pois, pelo que parece, basta ter todas cadeiras feitas ou notas altas já se pode candidatar. Mas quem disse quem ter altas notas eh significado de possuir capacidade de dirigir ou orientar uma associação universitária de estudantes? E depois dá nessas aberrações todas que a gente vê, bandos de indivíduos esfomeados que procuram através dessas organizações satisfazer seus problemas pessoais....mas epah, de qualquer forma, feliz dia 17 a todos estudantes, e tenho a certeza que a associação dos estudantes da UEM, hoje, vai dar festa com bebidas alcoólicas a preço baixo para todos estudantes. Veja só!

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  2. deita fora isso...

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