quinta-feira, 11 de agosto de 2011

CARTA ABERTA PARA SENHORA PRESIDENTE DO MUNICÍPIO DA CIDADE DE XAI-XAI[1]

Assunto: Por uma cidade de Xai-Xai cada vez mais distante dos erros das grandes cidades, uma cidade da actualidade.
Quero antes de mais nada endereçar as minhas sinceras saudações a senhora Presidente do Município da cidade de Xai- Xai, Rita Bento Muianga, ao senhor Presidente da Assembleia Municipal Matias Albino Parruque, bem como a toda vasta equipa de profissionais que cuida dos destinos desta cidade.
Excelência, é do conhecimento de todos que a cidade de Xai-Xai está crescer a cada dia que passa, falar de Xai-Xai de acerca de 10 anos atrás, não é o mesmo que falar de Xai-Xai de hoje, quer do ponto de vista da densidade populacional, urbanização, infra-estruturas sociais e comerciais, serviços, espaços habitacionais, tráfico quer de pessoas assim como de viaturas ao longo da cidade. Excelência apesar de estar a residir fora da cidade de Xai-Xai por motivos académicos, tenho de confessar que me surpreendo positivamente cada vez que para aqui me dirijo. É tanta mudança, e desde já concordar com o vosso slogan, “juntos trabalhamos por uma cidade de sonho”. Não há como negar, a minha cidade natalícia está crescer em todas dimensões, e é muito bom, é de salutar, mas dum lado, isto torna-se maléfico, pois com este crescimento vêem grandes perigos, e típicos dos grandes centros urbanos, desde o super povoamento, roubos, criminalidade, falta de transportes, falta de espaços para estacionamento de viaturas ao longo das avenidas, poluição a todos níveis, falta de espaços habitacionais, desemprego, etc. E pelas minhas constatações sempre que visito a cidade, tenho de alertar a senhora Presidente que a cidade está a caminhar ao encontro destes problemas, pois estão a ser cometidos os mesmos erros que foram cometidos pelas grandes cidades, um exemplo claro é a cidade de Maputo (capital do país). Erros que variam desde, a concentração das principais infra-estruturas e serviços zona baixa da cidade, banhada pelo rio Limpopo (tornando-a numa zona muito propensa as cheias), e da Estrada Nacional no1 (EN1), grandes investimentos comerciais localizados ao longo da EN1, exemplificando, Shoprite, KFC, Fashion Word (esta última que abriu a pouco), localizando-se num raio de separação não superior a 400 metros. Do ponto de vista de atracão de maior clientela até que é bom que estes centros estejam próximos uns dos outros, mas para o município isto torna-se prejudicial, na medida em que tudo acontece ao longo da EN1, por sinal a única estrada que uni o país do sul ao norte, ou vice-versa. Em termos práticos, isto significa uma circulação constante de viaturas (de pequena e grande tonelagem), vindas das províncias, que vão se misturando com viaturas em circulação ao longo da cidade, ou estacionadas ao longo da EN1 pois, as maiores actividades situam-se também ao longo da EN1. Contudo esta mistura de erros, vai trazer consigo: maior congestionamento de viaturas, elevado número de acidentes do tipo choque entre viaturas, maior perigo para os peões, atropelamentos, e a necessidade de instalarão de semáforos de forma a regular o trânsito dentro da cidade.
Este, é um dos problemas, dado que um outro problema que parece estar a ganhar terreno ao longo da cidade, é a falta de transportes semi-colectivos, em particular nas horas de ponta e no período das festas de fim do ano. Nas horas de ponta (concretamente no período da tarde e inicio da noite, das 15 as 19h), as paragens da Praça, Bim grande, Dimac, Take Away, Mercado, 8º Congresso, registam grandes molduras humanas que suportam a dura realidade de ficar horas e horas e em pé a espera de um transporte.
Excelência, urge a necessidade de haver maior racionalidade por parte das lideranças ao nível do município, dos vereadores, dos assessores, de forma a prever cenários futuros e evitar grandes problemas. Seria desejável que o município apostasse na instalação dos futuros projectos na zona alta e não na zona baixa, que até agora constitui o centro da cidade, isto vai permitir descentralizar o fluxo de serviços, viaturas, e pessoas da zona baixa da cidade para outros lugares, bem como erguer e desenvolver novos espaços urbanos dentro da cidade; Mobilizar parceiros e fundos para asfalto e funcionamento em perfeitas condições da estrada que vai da igreja católica na zona baixa da cidade, até a zona do cruzamento da praia, na parte alta da cidade, o que vai permitir descongestionar o trânsito; Incentivar os transportadores e ao empresariado local para que possam apostar em viaturas de 25 lugares; Ampliar a médio prazo a frota dos TPM (Transportes Públicos de Maputo); Evitar erguer mais infra-estruturas ao longo da ENI; Apostar numa casa de cinema que até agora não existe; Uma piscina municipal para da prática da natação; Abrir mais centros de diversão que possam ocupar os jovens durante as férias e durante o dia; Criar um jardim para os namorados com infra-estruturas comerciais em anexo ou por outra, melhorar as condições do actual jardim, particularmente a parte de Mira Rio, mais assentos, mais paisagismo, limpeza e uma mini loja que venda produtos que possam ser usufruídos pelos namorados, tais como, chocolates, iogurtes, hamburguês, pizzas, diferentes pratos (e não só Mira Rio, que quase vende bebidas alcoólicas); Prever e combater cenários futuros que possam perigar o bom nome da cidade, tais como: Roubos; Desemprego; Falta de espaços de estacionamento e habitacionais; Existência de habitações que não segue o mínimo dos padrões necessários; Ordenamento físico urbano não aceitável; fecalismo a céu aberto; Prever e combater cenários que conduzem a existência de montanhas de lixo nauseabundo (e é bem vinda a construção de repositórios de lixo, na zona do mercado do bairro 5 e no bairro 7, de fronte a extinta fábrica de Agricom), bem como evitar a existência de negócios informais que desafiam quaisquer limites de higiene, salubridade e decência, (Sitoe, 3ªs Revista do CAP, 2010); Existência de águas pluviais estagnadas; problemas de saneamento nos locais públicos (mercados, escolas, nas vias, etc.); Poluição, Criminalidade, sonhar e sonhar mais, em fim. É preciso sim tornar Xai- Xai uma cidade moderna e reconhecida alem fronteiras.
Quero também desta forma parabenizar todas forças que assumiram protagonismo na elaboração do plano estratégico municipal 2009-2019. È sem duvida um plano abrangente e que reflecte as reais preocupações dos munícipes de Xai-Xai, sendo de destacar os seguintes projectos: Construção de uma casa de cultura ate 2010 (que já é uma realidade); Construção de um pavilhão de desportos até 2017; Construção alpendres nas paragens ate 2010 (é também uma realidade); Um estádio municipal ate 2016; Em pareceria com o sector privado garantir a construção de híper mercados (que também já começam a florir em Xai Xai, um exemplo é o complexo comercia Shoprite); Construção de sanitários públicos; Um centro de manutenção física ate 2010; Um jardim e praças até 2016; Uma sala de cinema até 2016; Construção de capelas nos principais cemitérios municipais. (Plano Estratégico do Município de Xai-Xai, 2009-2019, Pags 27-28). Bem notam-se aqui grandes projectos, mas o grande desafio neste campo e garantir que todos esses programas se tornem uma realidade do ponto de vista prático, seria desejável que grande parte dos planos traçados ao nível do plano estratégico fossem concretizados, e só assim seremos capazes de tornar Xai-Xai numa verdadeira cidade de sonhos.
Que o município continue a privilegiar a boa governação, participação, transparência, monitoria em todas suas acções, pois uma das maiores desgraças que pode acontecer à um governo que veste a capa da democracia, é ao invés de assegurar uma participação cada vez mais crescente dos governados na definição dos principais projectos, estar a cooptar uma minoria de indivíduos, que se diz representar a maior, que vai decidir tudo em nome da maioria, e por vezes sem o conhecimento e consentimento desta.
Avante Governo Municipal da Cidade de Xai-Xai


[1] Capital da província de Gaza, na região sul de Moçambique 

 Idalêncio Sitoe
Comentários
3 Comentários

3 comentários:

  1. Caro amigo Sitoe, gostei muito das suas recomendações, pois, muitas cidades tem a capital do país (Maputo), como protótipo sem no entanto, terem em conta os problemas estruturais que esta possui. De facto a cidade de Xai-Xai,é um fiel seguidor dos erros que Maputo tem, onde como tu bem disseste, tudo está a beira da estrada (por sinal N1). Concordo contigo, ao sugerires mudanças estruturais, é preciso que os nossos municípios tomem noção disso, caso contrário, todas as nossas cidades tornar-se-ão em cidades de congestionamento tal como acontece com Capital. Força ai mano, só espero que esta carta, seja recebida como uma contribuição, não como uma bala do inimigo, o que os nossos governantes nos habituaram, já que são todos alérgicos a críticas.

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  2. Jovem esta de parabéns, positiva sua iniciativa, é um caso para dizer que tu, veste a camisola do seu município e por ela tens amor. Mas o que eu questiono no seu interessante artigo, é se não estas a recusar o desenvolvimento, pós sabemos muito bem que as revoluções tem o seu preço, a titulo de exemplo histórico, a revolução industrial, muitos enriquecem as custas dos outros e muitas famílias perderam as suas casas cedendo lugar as fabricas. E já nos anos 80 a intelectual camaronês, Axelle Kabou, nos brindou com uma obra fenomenal, onde na essência dizia “Se calhar a própria Africa é que não quer se desenvolver” onde o exemplo caricato que apresento é dum marinheiro que se recusa a pesca industrial, temendo os custos que advém dessa, ignorado os seus ganhos, preferido a artesanal por habito.
    Caro colega não estaria aqui numa situação de medo do progresso?
    Sinceramente sou da opinião, que os problemas numa cidade são inevitáveis em função da própria dinâmica, sublinho a intenção não é tirar o mérito do artigo, simplesmente uma indagação construtiva.

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  3. Oh! amigo Mungumabe, eu penso a reflexão do Sitoe está no caminho certo, na medida em que, ele já previu as consequências deste desenvolvimento das cidades, aliás, ele traz um exemplo claro e evidente, duma cidade completamente desestruturada (Maputo). Concordo contigo, quando dizes k todo desenvolvimento tem suas consequências, mas neste caso, as recomendações que o Sitoe faz, são uma demonstração do perigo do crescimento desestruturado das cidades.

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