terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Gaza: Um dos fortes da FRELIMO, que é a sua própria sepultura

“Geralmente há uma tendência de se olhar para o sul do país como a região mais privilegiada do pais, mas devo referir que isto é simplesmente utópico, pois há províncias do sul que vigoram na lista das mais pobres, se não as mais pobres do pais, e a viverem em situações de extrema misérias isto, dum lado como fruto da sua própria ignorância (A obediência cega ao partido Vermelho). O facto de a província de Maputo ser privilegiada não significa que todo sul é, pois Maputo apesar de estar no sul, não representa todo sul do país.”
A Província de Gaza, é muito conhecida por qualquer um que seja moçambicano. Ela é muito bem conhecida pelas elites dirigentes deste país. Ela guarda um conjunto de acontecimentos passados que a põem na lista das províncias com um certo legado histórico em Moçambique. Mais isto aconteceu no pretérito, e è no pretérito onde posa o legado histórico de Gaza.
Gaza no passado era conhecida como aquela província do regadio de Chokwe, cujas suas potencialidades são bem conhecidas cá entre nós, até pelo Português colonial, Gaza já foi o celeiro do país. Aquela província que é banhada pelo oceano Índico, que representa uma grande oportunidade para o desenvolvimento. Gaza é conhecida como aquela que viu nascer os três primeiros e principais dirigentes da FRELIMO, aquela província que gerou os dois primeiros Presidentes de Moçambique independente.
E hoje? O que é feito de Gaza?
Gaza continua sendo uma província bem conhecida, talvez mais famosa que antes.
Esta província é conhecida como sendo aquela que vota na FRELIMO, em que a oposição é fortemente esmagada pelo eleitorado fremilinense, província sem nenhum deputado da oposição no parlamento nacional, (todos os 17 assentos parlamentares de Gaza, nas mãos da FRELIMO). Um povo que guarda marcas profundas de um passado recente, caracterizado por fortes estragos causados pela guerra entre a RENAMO e a FRELIMO, e serve-se deste passado para castigar severamente a RENAMO bem como qualquer tipo de oposição política que por lá passar.
Gaza a terra de um eleitorado não muito racional no que concerne ao voto, pois aqui o voto é definido por cores partidárias, o voto aqui é baseado no vermelho. Um eleitorado que teme a mudança, que é o verdadeiro slogan do partido vermelho, (força da mudança), o qual eles devotam com todas suas energias.
Gaza a terra de um eleitorado inocente, um eleitorado que não julga, ou se julga não pune, um eleitorado que desconhece a importância da existência de oposição política, um eleitorado que somente e só vê o seu o futuro melhor com a FRELIMO. Sem poder prever que esta é a sua própria sepultura, a sua própria desgraça. Pois diante desta obediência incansável a FRELIMO, Gaza recebe um total esquecimento, principalmente quando se fala de grandes investimentos susceptíveis de trazer níveis consideráveis de desenvolvimento económico e social para a própria província.
Gaza é vista como uma dependência da casa grande Maputo, isto em termo de serviços básicos e compras de grande vulto, não possui nenhuma elite empresarial que se interessa em investir localmente. Irei me cingir mais na cidade de Xai - Xai, - capital provincial.
Esta cidade não possui muito de infra-estruturas municipais, poucas vias asfaltadas na baixa da cidade e fruto de um fundo estrangeiro pós cheias, e apenas duas vias na zona alta da cidade realizadas pelo conselho municipal, ambas vão dar ao hospital provincial, sendo que uma já está aos pedaços em menos de 3 anos e curiosamente a ultima a ser construída das duas.
Xai-Xai não tem nenhuma casa de cinema, não tem casa de cultura significante, não tem nenhum pavilhão municipal para a prática de desportos. Assiste-se actualmente nesta cidade, particularmente na zona que vai dar a praia de Xai-Xai, “Xilunguine”, a construção de grandes palacetes que são de surpreender a qualquer um que por ali passa, mas os proprietários são na sua maioria indivíduos de fora da cidade e da província, pouco preocupados em fazer um investimento local, são indivíduos dominados por um espírito capitalista, preocupando-se com o bem particular, aliás essa é a essência dos grandes homens deste país, “o bem individual’.
Xai- Xai apesar de ser a capital de Gaza, também é marcada pela existência de um eleitorado maioritariamente ingénuo, munícipes que não tem problemas em apelidar os poucos autocarros dos transportes públicos de Maputo que lá existem, de carros da “mamã Rita”, o mesmo que dizer carros da Presidente do município, mas até certo ponto com uma razão para tal, pois o governo moçambicano, “da FRELIMO” fez a máxima questão que estes auto-carros fossem entregues em plena campanha eleitoral para as eleições autárquicas de 2008, pela mesma Presidente do município, que ao mesmo tempo era candidata a sua própria sucessão pelo partido FRELIMO, e é tão obvio, que a luz das capacidades de um eleitorado pouco alfabetizado estes auto-carros apareçam como sendo da mamã Rita, oferta da mamã Rita, e o povo tinha apenas que continuar a votar nela e na FRELIMO para ter mais coisas do género.
Gaza é uma província em que o próprio governo da FRELIMO não está preocupado em instalar governadores fortes e dinâmicos se não o pouco letrado Eugénio Nhumaio, que depois foi ao parlamento e nada fez em toda uma legislatura. Rosário Mualeia agora PCA dos CFM. Djalma Lourenço derrotado em 2003 nas eleições autárquicas na beira por Devis Simango, (actual edil da beira). Este seria para o “big boss” da República o homem mais forte de Gaza, e como prova da racional escolha pouco depois era exonerado pelo seu próprio chefe e posto a deriva, (algo assim relacionado com cinema e que cinema temos neste país).
Raimundo Diomba, exonerado do cargo de governador em Manica e transferido para Gaza para ocupar o mesmo cargo, um velhote que já carece duma reforma, é este cidadão que hoje cuida dos destinos de Gaza.
Mas a que considerar que, o que torna Gaza uma província pobre, não só, é a FRELIMO ou o tal de governo, mas sim dum lado a natureza do eleitorado gazense, contribui bastante para sua miséria. È um eleitorado que vota essencialmente por questões partidárias, sem desenvolver uma acção racional entre as realizações anteriores e os próprios manifestos doravante da FRELIMO, com vista a estabelecer uma ponte entre estes itens e o seu voto.
A ingenuidade deste povo acaba beneficiando em última instancia ao partido no poder, que aproveita-se desta fidelidade cega para somar votos e mais votos, sem fazer o mínimo esforço necessário.
Idalêncio Sitoe
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1 comentários:

  1. O que se vive em Gaza, 'e o mesmo que se pode dizer de Inhambane. Estas províncias estão completamente esquecidas. Mas não vou apontar o dedo ao governo, mas sim ao próprio povo, que enquanto vive no sofrimento um grupo de individuo vai se aproveitando da sua ingenuidade. já est'a na destas províncias acordarem e exigirem o que lhes 'e devido. Este povo deve passar a olhar a oposição politica não como inimigo tal como ensinado, mas sim como um mecanismo para fazer chegar as suas aspirações no poder central, e por que como alternativa politica.

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