Paulina
Chiziane
Paulina Chiziane nasceu em Manjacaze, Moçambique, em
1955. Estudou Linguística em Maputo, mas não concluiu o curso. Actualmente vive
e trabalha na Zambézia. Ficcionista, publicou vários contos na imprensa
(Domingo, na «Página Literária», e na revista Tempo). Publicou o seu primeiro
romance, Balada de Amor ao Vento, depois da independência (1990), que é também
o primeiro romance de uma mulher moçambicana. "Ventos do Apocalipse",
concluído em 1991, saiu em Maputo em 1995 como edição da autora e foi publicado
pela Caminho em 1999. O "Sétimo Juramento" e "Niketche"
foram publicados em Portugal em 2000 e 2002, respectivamente. "Balada de
Amor ao Vento" é o seu quinto romance. Afirma: "Dizem que sou
romancista e que fui a primeira mulher moçambicana a escrever um romance, mas
eu afirmo: sou contadora de estórias e não romancista. Escrevo livros com
muitas estórias, estórias grandes e pequenas. Inspiro-me nos contos à volta da
fogueira, minha primeira escola de arte."
Algumas das suas obras:
O Alegre Canto da Perdiz
Resumo:
Delfina é uma mulher bonita, «uma negra daquelas que os
brancos gostam». A história de vida desta Delfina, «dos contrates, dos
conflitos, das confusões e contradições», é a história da mulher africana, a
história da apocalíptica perda do sonho. Esta mulher debate-se entre «escolher
o caminho do sofrimento», o amor que sente por José dos Montes, e eliminar a
sua raça para ganhar a liberdade», procurando o homem branco que lhe dará o alimento
e o conforto que deseja. Mas o que é o amor para a mulher negra? Na terra onde
as mulheres se casam por encomenda na adolescência? O problema arrasta-se ao
longo do livro, aparentemente sem solução: «viver em dois mundos é o mesmo que
viver em dois corpos, não se pode. Tu és negra, jamais serás branca». Mesmo
assim a mulher negra «procura um
filho mulato, para aliviar o negro da
sua pele como quem alivia as roupas de luto».
O sufoco das palavras outrora silenciadas, a valentia e a
frontalidade gritam alto nos romances de Paulina Chiziane. Neste diálogo
consigo própria, a conhecida escritora moçambicana, mistura imaginação,
fantástico, misticismo, num retrato poderoso e peculiar da sociedade e da
mulher africanas.
Balada de Amor ao Vento
Resumo:
Sarnau e Mwando protagonizam esta estória de amor. Da
juventude à idade madura, com eles percorremos os dias, os meses, os anos, os
encontros e os desencontros, a dolorosa separação, o desespero, o sofrimento e
a alegria, as lágrimas e os sorrisos. Atravessamos cidades e aldeias,
convivemos com a tradição, aprendemos os costumes e os hábitos de um povo.
Sarnau vai crescendo e amadurecendo sob o nosso olhar. Impossível não admirar a
coragem, a determinação, o orgulho e
a humildade,
a firmeza e o carácter desta mulher. E a sua fidelidade, mesmo nas
circunstâncias mais adversas, ao amor. Ao seu primeiro e único amor. Mas haverá
um reencontro? Serão Sarnau e Mwando capazes de apagar um tão longo e trágico
passado? Existirá ainda para eles um futuro a partilhar? «Tu foste para mim
vida, angústia, pesadelo. Cantei para ti baladas de amor ao vento. Eras para
mim o mar e eu o teu sal. No abismo, não encontrei a tua mão.» Sarnau, tu que
assim falaste a Mwando, chegarás a encontrar um pouco de paz? Voltarás a conseguir
esboçar no rosto o teu lindo sorriso, há muito perdido no tempo? Abrirás enfim
os braços para neles abrigares o amor? Ouvirás a melodia que o vento espalha no
universo?
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